Foto: Joana Bourgard

Plano de Gestão Florestal da Mata Nacional de Leiria entra hoje em consulta pública

Este Plano de Gestão, com as acções a realizar até 2038, surge depois de os incêndios de 2017 e de a tempestade Leslie em 2018 terem afectado 86% desta Mata Nacional, no concelho da Marinha Grande. A consulta pública termina a 1 de Fevereiro.

A Mata Nacional de Leiria, com 11.021 hectares, situa-se nas freguesias da Marinha Grande e de Vieira de Leira.

Em 2017 arderam mais de 9.400 hectares, o que representa 86% da sua superfície global.

Em Outubro de 2018, a área litoral da região centro foi atingida com especial severidade pela tempestade Leslie, que provocou a queda e danos em dezenas de milhares de árvores.

O Plano de Gestão que entrou em consulta pública a 12 de Janeiro pretende restaurar os ecossistemas e aumentar a sua resiliência face, por exemplo, a incêndios e a plantas invasoras, em especial as plantas do género Acacia. Ainda quanto às invasoras, em 2019 e 2020 tem sido feito o controlo da erva-das-pampas (Cortaderia selloana).

Tem ainda como objectivos ajudar a criar uma floresta multifuncional, promover a biodiversidade – estando prevista a criação de pequenos charcos, como uma das medidas – e potenciar a visitação.

O documento defende que a floresta de pinhal bravo continue a ser a predominante, em 84% da área total da Mata Nacional de Leiria, com a plantação de outras árvores e arbustos autóctones “sempre que as condições o permitam”.

Até ao final de 2021, a área rearborizada totaliza 1.977 hectares. Para o período de 2022 a 2024 está planeada e em contratação a rearborização e aproveitamento de regeneração natural em cerca de 4.000 hectares, “bem como intervenções de prevenção contra incêndios, controlo de plantas invasoras e de agentes bióticos nocivos, recuperação de ecossistemas com criação de zonas húmidas, estabilização e restauro do cordão dunar, bem como a continuação da melhoria das condições de visitação, num investimento previsto de cerca de 3,7 M euros”.

Segundo o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), organismo que apresenta o Plano de Gestão, o documento “está alinhado com as recomendações que constam no Programa de Recuperação das Matas Litorais” e também reflecte “algumas das propostas que foram avançadas ao longo destes anos por diferentes elementos da sociedade civil e dos meios académicos”.


Agora é a sua vez.

O Plano de Gestão Florestal pode ser consultado no serviço regional do ICNF, na Direção Regional de Conservação da Natureza e Florestas do Centro, na Av. D. Dinis, n.º 9, 2430-263 Marinha Grande.

Para expor as suas sugestões deverá preencher aficha de participação” e endereçar, por via postal, para a Direção Regional de Conservação da Natureza e Florestas do Centro, sita na Quinta do Soqueiro, Rua Cónego António Barreiros, 3500–093 Viseu, ou enviar, por correio eletrónico, para o endereço [email protected].

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.