caminho por uma floresta

“Podemos usar a natureza para reparar o nosso clima avariado”

A activista sueca Greta Thunberg juntou-se a George Monbiot, jornalista do The Guardian, num pequeno filme em que ambos alertam para a importância da natureza no combate às alterações climáticas.

Florestas, mangais e pradarias marinhas são hoje conhecidos como “soluções naturais para as alterações climáticas” (‘natural climate solutions’, em inglês), devido ao papel fundamental que têm na absorção e armazenamento do dióxido na atmosfera, lembram Monbiot e Thunberg, num filme divulgado pelo The Guardian.

No entanto, actualmente, estas soluções recebem apenas dois por cento do dinheiro que está a ser investido para combater as alterações climáticas a nível mundial, sublinham.

“Agora mesmo, estamos a ignorar as soluções naturais para as alterações climáticas”, avisa Greta Thunberg, neste pequeno filme. “Gastamos 1000 vezes mais em subsídios para os combustíveis fósseis do que em soluções baseadas na natureza. Este é o vosso dinheiro, são os vossos impostos, e as vossas poupanças”, afirma.

O alerta dos dois activistas ambientais foi divulgado esta quinta-feira, na véspera de uma greve global climática liderada por jovens e poucos dias antes da Cimeira de Acção Climática organizada pela ONU, em Nova Iorque, a partir de segunda-feira. O novo filme vai ser mostrado aos chefes de Estado e a ouros dirigentes presentes neste encontro.

“Uma máquina mágica”

“Há uma máquina mágica que chupa o carbono do ar, custa muito pouco, e constrói-se sozinha. Chama-se árvore”, diz Monbiot, durante o filme. George Monbiot, que é também um conhecido autor de livros sobre o mundo natural, lançou este ano uma campanha a favor de soluções naturais para as alterações climáticas.

“Estas soluções podem fazer uma enorme diferença, mas apenas se deixarmos também os combustíveis fósseis debaixo do solo”, sublinha.

Greta Thunberg, por sua vez, nota que precisamos de “proteger, restaurar e financiar”. Ou seja, explica também, “proteger as florestas tropicais que estão a desaparecer ao ritmo de 30 campos de futebol por minuto, restaurar as grandes áreas do planeta que estão a ser destruídas e parar de financiar as coisas que destroem a natureza e em vez disso pagar por actividades que a ajudam”.

Além de contribuírem para a absorção do dióxido que é lançado para a atmosfera pelas actividades humanas, as novas florestas ajudam a prevenir inundações e deslizamento de terras e também contribuem para o restauro de habitats.

Em Junho passado, um estudo publicado na revista Science demonstrou que plantar milhares de milhões de árvores por todo o mundo será a solução melhor e mais barata para a crise do clima, com a capacidade de remover dois terços das emissões de dióxido lançadas para a atmosfera.

Os cientistas calcularam também que a área mundial disponível para essas novas árvores, sem afectar culturas agrícolas ou zonas urbanas, é hoje de cerca de 1,7 mil milhões de hectares – o equivalente ao conjunto da área ocupada pela China e Estados Unidos. Seria possível plantar 1,2 biliões de novas árvores, afirmam os investigadores.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.