Cria de lince-ibérico. Foto: Programa de Conservação Ex-Situ

População de lince-ibérico bate novo recorde e atinge os 1.365 animais

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A população de lince-ibérico (Lynx pardinus) bateu um novo recorde com um total de 1.365 animais contabilizados no mais recente censo a esta espécie Em Perigo de extinção, revelou hoje o Ministério do Ambiente espanhol.

Para este número contam os animais adultos, subadultos e crias nascidas em 2021. “É o melhor número registado de populações ibéricas da espécie e supõe um aumento de quase 23% em relação ao censo do ano anterior (2020), quando se contabilizaram 1.111 indivíduos”, escreve o Ministério espanhol para a Transição Ecológica e Desafio Demográfico (MITECO).

Lince-ibérico. Foto: Programa de Conservação Ex-Situ

Ainda assim, alerta o ministério, apesar de ter superado a situação mais crítica, a espécie continua a ser considerada oficialmente como Em Perigo de extinção.

O censo publicado hoje mostra que a população de linces-ibéricos segue a tendência ascendente positiva dos últimos anos. Há duas décadas, o número de linces era inferior a 100 animais.

Dos 13 núcleos populacionais registados na Península Ibérica em 2021, 12 estão em Espanha, com 1.156 animais.

Portugal, com um núcleo populacional, no Vale do Guadiana, terá 209 linces: 139 adultos e subadultos (dos quais 31 são fêmeas reprodutoras/territoriais) e 70 crias. Portugal tem assim 15,3% da população ibérica de lince-ibérico.

Dos 12 núcleos populacionais registados em Espanha, cinco ficam na Andaluzia (com 519 indivíduos), três em Castela-La Mancha (473 indivíduos) e quatro na Extremadura espanhola (164 exemplares).

Andaluzia volta a ser a comunidade autonómica espanhola com mais linces. Ainda assim, o maior aumento populacional regista-se em Castela-La Mancha, com 45% de aumento em apenas um ano.

Na Andaluzia, os núcleos com mais linces são os de Andújar-Cardeña (200 indivíduos), Guarrizas (164), seguidos de Doñana-Aljarafe (94), Guadalmellato (44) e Sierra Norte (17).

No caso de Castela-La Mancha destacam-se o núcleo de Montes de Toledo (221), seguido dos da Sierra Morena Oriental (170) e da Sierra Morena Occidental (82).

Na Extremadura, o principal núcleo é o de Matachel (121), seguido dos de Ortigas (20), Valdecañas/Ibores (14) e Valdecigüeñas (9). 

Lince-ibérico. Foto: MITECO

Em 2021 registaram-se 500 nascimentos de 277 fêmeas reprodutoras. A produtividade global, entendida como o número de crias nascidas por fêmea, foi de 2,3 para Portugal e 1,8 para Espanha.

Mas se este censo revela boas notícias, os dados evidenciam também a “necessidade de manter a precaução sobre o futuro desta espécie, dando continuidade aos programas de conservação e medidas que contribuam para melhorar as diferentes populações de lince-ibérico nos dois países”.

A pouco e pouco, o lince-ibérico está a regressar aos seus territórios históricos em Portugal e Espanha. Este felino de barbas e de orelhas com pontas em forma de pincel foi, até 2015 uma espécie Criticamente Em Perigo de extinção. Em Portugal, chegou a viver numa situação de “pré-extinção”.

Graças aos projectos ibéricos de conservação da natureza, a população mundial de lince-ibérico conseguiu aumentar, partindo de apenas 94 linces em 2002, isolados em duas populações fragmentadas na Andaluzia.

O grande objectivo é recuperar a distribuição histórica de uma espécie que se estima viver na Península Ibérica há, pelo menos, 27.000 anos.


Saiba mais.

Descubra aqui o censo de 2021 ao lince-ibérico.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.