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Porque é que as plantas entram em pânico quando chove?

Uma equipa internacional de cientistas descobriu que a reacção das plantas quando chove é parecida com um estado de pânico. E explica porquê.

O trabalho envolveu investigadores da Escola de Ciências Moleculares da Universidade da Austrália Ocidental, do australiano ARC – Centro de Excelência em Biologia da Energia das Plantas e da Universidade de Lund, na Suécia.

Quando a água aterra numa planta, desperta uma série de sinais químicos complexos para ajudá-la a preparar-se para os perigos da chuva, explicou a equipa, num artigo publicado esta semana pelo jornal Proceedings of the National Academy of Sciences.

Em causa está uma proteína chamada Myc2, que provocou uma reacção em cadeia quando os cientistas borrifaram as plantas com água, indicou Harvey Millar, co-autor do artigo e docente na Universidade da Austrália Ocidental.

“Quando a Myc2 é activada, milhares de genes entram em acção para preparar as defesas da planta”, descreveu, em comunicado. “Estes sinais de aviso viajam de folha para folha e induzem uma série de efeitos protectores.”

Quanto ao porquê dessa entrada em pânico, é porque a chuva “é a principal causa do espalhar das doenças entre as plantas.”

Basta uma simples gota

Ao aterrar numa folha, uma gota de água lança pequenas gotículas em todas as direcções, que “podem conter bactérias, vírus e esporos de fungos.” Estes podem ser espalhados por uma simples gotícula numa área circundante de 10 metros, chegando às plantas que estão em redor.

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Há também provas de que os sinais de alerta são comunicados às plantas vizinhas pelo ar, por meio de uma hormona conhecida como ácido jasmónico. Dessa forma, já avisadas, estas também podem activar os seus mecanismos de defesa, ajudando a travar o espalhar de doenças.

“Quando o perigo acontece, as plantas não se conseguem mover para fora do caminho, pelo que em vez disso confiam em sistemas complexos de sinalização para se protegerem a elas próprias”, sublinhou o mesmo cientista.

Harvey Millar reconheceu ainda que o mundo botânico tem uma relação intrigante com a água da chuva: apesar de ser vital para a sua sobrevivência, esta também é um poderoso meio de transporte de doenças.


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Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.