Lobo-ibérico. Foto: Gérard van Drunen/Wiki Commons

Portugal e outros 11 países da UE pedem a Bruxelas que mantenha a protecção legal ao lobo-cinzento

Uma missiva assinada por 12 ministros europeus do Ambiente apela à rejeição de uma nova resolução aprovada em Novembro pelo Parlamento Europeu.

A carta foi iniciativa da Eslováquia e conta também com a assinatura dos governantes que tutelam a pasta do Ambiente em Portugal, Espanha, Bulgária, Alemanha, Grécia, Irlanda, Chipre, Luxemburgo, Áustria, Roménia e Eslovénia. Foi enviada ao comissário europeu do Ambiente, Virginijus Sinkevicius.

“O lobo-cinzento, juntamente com o lince euroasiático e outros carnívoros, desempenha um papel indispensável na regulação da abundância de populações cinegéticas e na melhoria da sua saúde”, afirma a missiva, citada pela agência noticiosa espanhola EFE.

A espécie Canis lupus inclui várias subespécies, como o lobo-ibérico (Canis lupus signatus), e está legalmente protegida através da Directiva Habitats, que proíbe a captura e a morte destes animais em todos os Estados-membros da UE. Todavia, em vários países europeus há uma pressão crescente da parte de criadores de gado, que se queixam dos prejuízos causados por ataques destes predadores.

Como resultado, em Novembro passado, uma maioria de deputados no Parlamento Europeu aprovou uma nova resolução a pedir que se aligeire o estatuto de protecção do lobo. Embora não seja vinculativa, os ambientalistas receiam que abra caminho a uma mudança de tom da Comissão Europeia.

Agora, a nova carta enviada esta semana a Bruxelas afirma que os 12 ministros signatários, “numa altura de crise global da biodiversidade, rejeitam inequivocamente a tendência da resolução [de Novembro] para enfraquecer a protecção legal do lobo”.

Segundo os governantes, mesmo sendo inevitável que o gado seja prejudicado devido à coexistência com este grande carnívoro, várias medidas podem ser tomadas para lidar com este problema. Os ministros afirmam-se “convencidos de que uma protecção estrita, juntamente com um sistema efectivo de medidas preventivas, compensações justas, mas também comunicação com os especialistas, terá como resultado as melhores soluções.”

Pónei de von der Leyen morto por um lobo

A polémica em torno deste tema aumentou de tom quando, em Setembro passado, um pónei da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, foi atacado e morto por um lobo quando pastava num terreno na região de Hannover, no norte da Alemanha. A identidade do atacante foi confirmada por análises de ADN.

“Toda a família está extremamente perturbada por esta notícia”, reagiu na altura o porta-voz de der Leyen. As autoridades regionais emitiram uma licença que permite que o lobo que matou o pónei seja por sua vez abatido, o que até agora ainda não aconteceu. Entretanto a licença já terá sido prolongada.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.