Portugueses são dos europeus mais preocupados com destruição das florestas

Floresta. Foto: Aymanjed Jdidi/Pixabay
Foto: Aymanjed Jdidi/Pixabay

Os portugueses são dos europeus mais preocupados com a destruição e degradação das florestas, revela uma sondagem a poucos dias da discussão de uma proposta que garanta que o consumo na Europa não causa desflorestação e degradação das florestas, revela a associação ZERO.

A 5 de Setembro, o Dia da Amazónia, a DECO e a ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável divulgaram os resultados de uma sondagem realizada em nove países da União Europeia – Áustria, República Checa, França, Alemanha, Itália, Portugal, Espanha, Suécia e Países Baixos -, sobre a opinião dos cidadãos acerca do regulamento dos produtos livres de desflorestação e degradação florestal

Dentro de dias será discutido no Parlamento Europeu uma proposta de regulamento que visa garantir que as cadeias de abastecimento Europeias não causam desflorestação e degradação das florestas.

A sondagem da GlobeScan para o Meridian Institute, que decorreu durante o mês de Julho, mostra que a esmagadora maioria dos europeus, 82%, acredita que as empresas não devem vender produtos que destroem as florestas do mundo e 78% considera que a comercialização de produtos que conduzem à desflorestação deve ser proibida. Quando informados de que o Parlamento da UE está a discutir uma lei neste sentido, o apoio sobe para 81%.

A destruição e degradação das florestas é visto pelos cidadãos da UE como o problema ambiental mais preocupante (77%), seguido da poluição da água e do ar (74%). Para os portugueses esta preocupação é ainda mais marcante, com 91% dos inquiridos a afirmar uma preocupação extrema ou moderada.

Os inquiridos identificam as grandes empresas como as principais responsáveis na proteção das florestas do mundo (46%), a par com os organismos internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU), governos nacionais e a UE (respetivamente 44%, 42% e 39%).

No entanto, as grandes empresas são identificadas de forma inequívoca como tendo o pior desempenho no cumprimento destas responsabilidades (64% dos inquiridos).

A extração de madeira, a agricultura industrial e o setor da energia são vistos comos os setores que mais contribuem para a desflorestação. A produção de carne e as rações à base de soja estão entre os quatro produtos considerados mais ligados à desflorestação. O mobiliário e o óleo de palma ocupam o primeiro e segundo lugares respetivamente.

Para a maior parte dos consumidores europeus é muito ou extremamente importante que as marcas e os revendedores assegurem que os produtos que comercializam não sejam causadores de desflorestação. A sondagem mostra que os consumidores estão preparados para deixar de comprar às empresas que contribuem para a desflorestação (37%) ou reduzir as compras (36%).

Em Portugal estes valores são ainda mais significativos: 41% deixariam de comprar produtos a estas empresas, 40% iria reduzir as compras efetuadas e 17% neste grupo estaria disposto a convencer outros a boicotar as empresas em causa.

Esta sondagem revela ainda que 81% dos europeus apoia um regulamento da UE que assegure que os produtos comercializados estão livres de desflorestação, valor que para Portugal abrange 87% dos inquiridos.

Oito em cada 10 europeus considera que o regulamento deve ir além da desflorestação, devendo contemplar a degradação florestal (82% na Europa, 89% em Portugal), englobar outros ecossistemas críticos (83% na Europa, 89% em Portugal) como as savanas e zonas húmidas, incluir restrições ao setor financeiro (82% na Europa, 89% em Portugal) e proteger os direitos dos Povos Indígenas (81% na Europa, 87% em Portugal).

“Neste momento cabe aos Deputados Europeus exercer o seu dever de representatividade para assegurar que a nova legislação traduz as expectativas e aspirações dos cidadãos e consumidores Europeus, garantindo que os produtos adquiridos diariamente são verdadeiramente sustentáveis, livres de desflorestação e que garantem a salvaguarda dos direitos humanos de povos locais e indígenas, em todo mundo.”

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.