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Foto: Joana Bourgard

Prémio Pessoa distingue Miguel Araújo pelo seu trabalho sobre alterações climáticas e biodiversidade

O Prémio Pessoa 2018 foi atribuído ao investigador Miguel Bastos Araújo, cientista de 49 anos que se dedica a estudar os impactos das alterações climáticas na biodiversidade, foi hoje revelado.

 

Todos os anos, o Prémio Pessoa, iniciativa conjunta do jornal Expresso e da Caixa Geral de Depósitos no valor de 60.000 euros, pretende homenagear a personalidade portuguesa que alcançou maior destaque nas áreas da Cultura, Ciência, Artes e Literatura.

Esta é a primeira vez que a distinção é atribuída na área do Ambiente.

“Estou extremamente honrado por este reconhecimento”, escreveu Miguel Bastos Araújo, numa nota publicada no site do laboratório com o seu nome.

“Vejo esta distinção não apenas como um prémio pelo meu trabalho, ou mesmo pelo trabalho dos meus colaboradores mais próximos, mas também um reconhecimento da importância de conservar e estudar a biodiversidade em tempos de mudanças planetárias sem precedentes.”

Miguel B. Araújo é investigador do CIBIO-InBIO na Universidade de Évora e investigador no Museu de Ciências Naturais do CSIC (Conselho Superior espanhol de Investigação Científica). É docente na Universidade de Copenhaga.

A sua equipa tem trabalhado para dar resposta a três perguntas: como afectam as alterações climáticas do passado a distribuição e diversidade da vida na Terra; como poderão as alterações ambientais actuais e futuras afectar a biodiversidade e ainda como poderá conservar-se a biodiversidade face aos desafios actuais e futuros.

O anúncio do Prémio Pessoa 2018 foi feito hoje no Palácio de Seteais (Sintra) por Francisco Pinto Balsemão, presidente do júri.

Miguel B. Araújo “é hoje internacionalmente conhecido como uma das personalidades científicas mais criativas, mais influentes em biogeografia, macroeconomia e modelação ecológica”, referiu hoje Pinto Balsemão.

O seu trabalho tem contribuído para o “desenvolvimento de mecanismos de gestão e redução da incerteza, no sentido de permitir uma melhor protecção da biodiversidade no quadro das alterações climáticas”, salientou ainda.

O presidente do júri lembrou também a “vasta bibliografia científica de mais de 200 títulos, que se encontram entre as publicações mais citadas na literatura académica” destas áreas e o facto de o investigador contribuir para a “formação de novos investigadores e para o desenvolvimento de projectos científicos de grande relevo”.

Pinto Balsemão sublinhou que foi sob a direcção de Miguel B. Araújo que foi criada na Universidade de Évora a Cátedra em Biodiversidade Rui Nabeiro, “um caso raro de mecenato científico em Portugal”.

“Numa altura em que, no plano político, económico e cultural, a nível global, se erguem tantas vozes e forças poderosas, criando obstáculos ao contributo das Ciências para o estudo e procura de soluções para os problemas fundamentais da sobrevivência humana, nomeadamente no que diz respeito à crise do Ambiente e das Alterações Climáticas, a atribuição do Prémio Pessoa 2018 a Miguel B. Araújo constitui um sinal claro que o conhecimento, a Ciência com consciência e as políticas públicas nela inspiradas, são indispensáveis para alimentar a esperança num futuro sustentável.”

O júri do Prémio Pessoa conta ainda com Rui Vilar (vice-presidente), Ana Pinho, António Barreto, Clara Ferreira Alves, Diogo Lucena, Eduardo Souto de Moura, José Luís Porfírio, Maria Manuel Mota, Maria de Sousa, Pedro Norton, Rui Magalhães Baião, Rui Vieira Nery e Viriato Soromenho-Marques.

Ontem foi revelado que Miguel B. Araújo ganhou o Prémio Ernst Haeckel 2019, galardão atribuído pela Federação Europeia de Ecologia. A cerimónia de entrega do prémio está marcada para o congresso da Federação que será realizado em Lisboa entre 29 de Julho e 2 de Agosto de 2019.

 

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.