Quercus alerta para risco de extinção dos ursos-polares

Neste sábado, dia 27 de Fevereiro, celebra-se o Dia Internacional do Urso Polar, uma iniciativa que pretende chamar a atenção para as ameaças a esta espécie. Hoje, a Quercus alertou para o risco de extinção destes ursos, por causa das alterações climáticas.

 

O urso-polar (Ursus maritimus) é uma espécie classificada como Vulnerável pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). Estima-se que existam apenas 19 subpopulações ao longo do círculo polar Árctico, com um total de entre 20.000 e 25.000 ursos.

Estes números preocupam a Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza. “Os ursos-polares são mamíferos altamente especializados e extremamente dependentes do gelo marinho. A vulnerabilidade desta espécie está relacionada com as repercussões do aumento da temperatura no seu habitat natural”, escreve a Quercus, em comunicado.

As alterações climáticas provocam a fragmentação e redução do gelo marinho e reduzem o número de focas, a principal fonte de alimento dos ursos-polares, lembra a associação. Estes animais são obrigados a “nadar grandes distâncias, queimando grande parte das suas reservas lipídicas. Também a retracção precoce do gelo marinho no Verão encurta a época de caça”, acrescenta.

A escassez de alimento tem sido amplamente falada nos últimos dias, depois de a National Geographic ter publicado imagens captadas durante uma expedição no Verão de 2015 na ilha de Baffin (no Canadá) que captaram um comportamento raro, o de um macho de urso-polar a perseguir, a capturar e a comer uma cria. O canibalismo entre os ursos-polares é um comportamento raro mas já identificado. Segundo a National Geographic, os adultos podem alimentar-se das suas crias no final do Verão e Outono quando as focas estão no mar e, por isso, estão menos acessíveis. Mas as alterações climáticas podem estar a tornar este comportamento mais comum.

Nos últimos 17 anos, o número de indivíduos das 19 subpopulações decaiu 22%, segundo a Quercus, que cita o Grupo de Especialistas em Ursos Polares da UICN. Além disso, regista-se “uma diminuição do peso médio dos animais” e “um aumento da mortalidade neonatal”. Estes dados mostram “o risco elevado de (a espécie) se extinguir na natureza”.

Por isso, a conservação da espécie está a acontecer, também, Ex-Situ, ou seja, em Zoológicos. Nesta semana, um Zoo escocês anunciou que está a preparar a reprodução em cativeiro de um casal de ursos-polares.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Se quiser seguir em tempo real as viagens de ursos-polares, explore a página Species Tracker  da WWF, relativa a esta espécie. Aqui poderá acompanhar vários ursos, seguidos por satélite. Este é um projecto que começou em 2003 e que permite acompanhar estes animais em várias regiões no Árctico.

E no Twitter foi criada a ashtag #polarbearwatch para não perder nada.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.