ramos e folhas de uma árvore aparecem contra o céu

“Queremos inverter o subfinanciamento da conservação da natureza em Portugal”

Aumentar o financiamento da conservação da natureza e da biodiversidade, com a apresentação de propostas ao Governo, é uma das prioridades para 2017 da coligação C6, que junta seis organizações portuguesas de defesa do ambiente: WWF (Fundo Mundial para a Natureza), Geota, FAPAS, Quercus, Liga da Protecção da Natureza e Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves.

 

A Wilder colocou algumas questões a Ângela Morgado, presidente do WWF Portugal, entidade que este ano vai coordenar esta coligação.

 

Quais serão os grandes temas abordados pela Coligação C6 ao longo do ano de 2017?

O financiamento da conservação da natureza e da biodiversidade e a apresentação de propostas neste domínio, tal como a importância da rede de áreas protegidas nacionais. Sobre este assunto, queremos apresentar propostas para uma política efectiva de protecção e valorização da Rede Natura 2000 em Portugal.

A partir destes dois grandes temas, a coligação C6 vai desenvolver uma ampla campanha de sensibilização e mobilização da opinião pública em defesa da natureza em Portugal.

 

O financiamento da conservação da natureza é uma das vossas grandes preocupações. Porquê?

Portugal tem uma das maiores relações entre território classificado e território total e é também um dos países da União Europeia com acentuados níveis de biodiversidade. No entanto, a gestão deste vasto património natural nacional classificado e a sua valorização e proteção estão longe de serem assumidas de forma eficaz, o que leva à degradação. Esta situação resulta, em grande parte, do fraco investimento público ou privado na conservação da natureza.

Fazer inverter esta situação de subfinanciamento da conservação da natureza é uma prioridade para a C6. Temos propostas concretas para o financiamento da natureza em Portugal, que queremos apresentar aos decisores políticos, porque trabalhamos no terreno; têm sido as ONGA [organizações não governamentais do ambiente] a procurar recursos e a investir em conservar o capital natural, funcionando como agentes dinâmicos de defesa da natureza. E por isso, queremos ser ouvidos e participar nas decisões sobre o financiamento da natureza no nosso país.

 

Também têm mostrado preocupação no que respeita aos Planos Directores Municipais.

Neste aspecto, preocupa-nos a retirada de competências da Rede Nacional das Áreas Protegidas ao ICNF [Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas] e a sua passagem para as Câmaras Municipais. É que assim as áreas protegidas podem estar em risco – quer nos seus limites, quer na sua gestão. Este é outro assunto que queremos debater com os decisores políticos e sobre o qual também temos propostas e algo a dizer.

 

Durante este ano, como é que pretendem alertar a sociedade civil para a protecção da natureza?

A  coligação C6 vai desenvolver uma ampla campanha de sensibilização e mobilização da opinião pública em defesa da natureza em Portugal, com um momento de denúncia do que vai mal na natureza, em Junho de 2017, e um momento dinâmico em defesa da natureza, previsto para Novembro. Para estes dois momentos, vamos convocar todas as pessoas em Portugal, para que connosco defendam a natureza e os nosso valores naturais.

 

 

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.