Serra do Açor. Foto: tiago186703274/WikiCommons

Recuperação de áreas ardidas na Serra do Açor vai durar três anos

Cerca de 49 hectares da Serra do Açor, paisagem protegida dos concelhos de Pampilhosa da Serra e de Arganil, serão plantados com espécies autóctones em 2022 e 2023, no âmbito de um projecto de regeneração que começou em Setembro.

A serra do Açor -situada na Cordilheira Central, entre a Serra da Lousã e a Serra da Estrela – está a ser alvo de um projecto de regeneração para recuperar a natureza nesta Paisagem Protegida e para prevenir futuros incêndios.

Serra do Açor. Foto: tiago186703274/WikiCommons

“No final de Setembro iniciaram-se ações de regeneração da Paisagem Protegida da Serra do Açor cujo desenvolvimento ganhou ritmo renovado e se estenderá durante próximos três anos”, informa o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) em comunicado.

Estas operações incluem a limpeza moto-manual de matos e silvados (área prevista de 64ha) e a limpeza da vegetação arbórea e arbustiva queimada e de espécies exóticas/invasoras dispersas (46ha).

Segundo aquele instituto haverá ainda o controlo da proliferação de eucaliptos (Eucalyptus sp.) e de acácias (Acacia dealbata) em cerca de 13 hectares e a execução de faixas de gestão de combustíveis (14,5ha).

Para 2022 e 2023 está prevista a rearborização com espécies autóctones (em cerca de 49ha), provenientes do viveiro da Senhora da Graça, no Sabugal. Este viveiro, gerido pelo ICNF e pela Quercus, produz espécies como o carvalho negral, o teixo, o medronheiro e o azevinho. 

“Tal envolve já plantas germinadas a partir de sementes colhidas na própria Mata da Margaraça, com o objetivo de reforçar a regeneração natural ocorrida após o incêndio” de 2017.

Mata da Margaraça. Foto: Carla Marques da Silva/WikiCommons

Já está contratada uma equipa do Corpo Nacional de Agentes Florestais (CNAF) e adquirida uma viatura e respetivo equipamento. “Foram também já concluídos os procedimentos de aquisição de diversos equipamentos e materiais (GPS, computador, brocadora, fatores de produção de plantas autóctones em viveiro), painéis informativos, sinalética e sistema de contagem de visitantes.”

Desde o início do projeto decorreram ações de controlo de acácia (Acacia dealbata), de plantações de espécies autóctones, limpeza de acessos, de matos e madeira queimada na Mata da Margaraça. 

Este plano de regeneração da Serra do Açor procura actuar “na valorização, proteção e recuperação de habitats naturais, na recuperação de ecossistemas degradados por impactes severos, na prevenção da propagação de doenças e pragas. Não menos importante procura contribuir para a prevenção de novos incêndios e da erosão do solo”, explica o ICNF.

As acções fazem parte do projeto de recuperação das áreas ardidas em 2017.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.