paisagem do douro internacional
Parque Natural do Douro Internacional. Foto: João Malho/Wiki Commons

Rede Douro Vivo quer proteger o Douro e os seus afluentes

O novo projecto internacional Rede Douro Vivo vai funcionar nos próximos cinco anos e pretende proteger o rio Douro e os seus afluentes.

 

A nova estrutura, que foi apresentada esta terça-feira no Porto, “resulta de uma parceria multidisciplinar de cientistas, ambientalistas, conservacionistas e especialistas na área jurídica e da participação pública, nacionais e internacionais”, adianta um comunicado enviado à Wilder pelo GEOTA (Grupo de Estudos e Ordenamento do Território e Ambiente), que lidera a iniciativa.

Objectivos: fazer o mapa das barragens no Douro e em rios afluentes e também estudar a biodiversidade nesta bacia, tanto em Portugal como em Espanha. A equipa quer também “estudar o desmantelamento das barragens obsoletas.”

“O rio Douro e os seus afluentes estão amarrados pela exploração de recursos e pelos impactos negativos das barragens”, sublinhou Ana Brazão, do GEOTA, que vai ser a coordenadora do projecto.

“Existem outras opções viáveis para a produção de energia e crescimento da economia local que têm de ser exploradas. Esta rede vai estudar e dá-las a conhecer publicamente”, afirmou, citada no comunicado.

Ao longo dos próximos cinco anos, prazo deste projecto, a equipa vai criar um mapa de áreas de grande relevância ecológica – ‘hotspots’ de biodiversidade – na Bacia do Douro.

Prometida está também a identificação de “barreiras que se encontrem obsoletas e constituam uma ameaça às populações, património e habitats, com vista à sua remoção ou adaptação.”

 

Rios livres vão ter novo estatuto

De acordo com os responsáveis do projecto, o estudo vai ajudar também a desenvolver “um novo estatuto de conservação para rios ou trechos ainda livres, à semelhança do já existente em Espanha e noutros países.”

A Rede Douro Vivo compromete-se ainda a sensibilizar as populações e os poderes local e nacional para protegerem melhor os rios, incluindo da poluição, e travar a construção de barragens desnecessárias. Isto porque “os rios são as veias do planeta e um dos ecossistemas mais ameaçados do mundo.”

A nova estrutura é liderada pelo GEOTA, em parceria com a IUCN-Med (International Union for Conservation of Nature – Centre for Mediterranean Cooperation),  a WE-EA (Wetlands International – European Association), a ANP|WWF Portugal, a LPN (Liga para a Proteção da Natureza), a Rede INDUCAR, o CEDOUA-UC (Centro de Estudos de Direito do Ordenamento, do Urbanismo e do Ambiente – Universidade de Coimbra).

Conta também com um consórcio de membros académicos, composto pelo CIMO-IPB (Centro de Investigação de Montanha – Instituto Politécnico de Bragança), o CITAB-UTAD (Centro de Investigação e Tecnologias Agroambientais e Biológicas – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro), o CIBIO-UP (Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos – Universidade do Porto) e a FCT-UNL (Faculdade de Ciências e Tecnologia – Universidade Nova de Lisboa).

 

 

 

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.