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Redução da biodiversidade aumenta risco de novas pandemias

Estudo com milhares de espécies mostra que a transformação de áreas selvagens em áreas agrícolas beneficia animais que albergam doenças com potencial de infectarem humanos.

 

Esta é a principal conclusão de um artigo científico publicado a 5 de Agosto na revista Nature, coordenado pelo University College London (UCL).

A equipa de investigadores analisou informação referente a 6.801 grupos ecológicos de seis continentes e com mais de 7.000 espécies. Concluiu que os animais que albergam microorganismos que causam doenças e que podem ser transmitidas aos humanos são mais comuns em paisagens intensamente usadas pelas pessoas, como as cidades ou os terrenos agrícolas.

Dessas 7.000 espécies estudadas, 376 têm microorganismos que podem afectar os humanos.

Por isso, defendem os investigadores, precisamos mudar a forma como usamos o solo em todo o mundo, a fim de reduzir o risco de futuros surtos de doenças infecciosas.

“A forma como os humanos alteram as paisagens, por todo o mundo, por exemplo transformando florestas em solos agrícolas, tem impactos consistentes em muitas espécies de animais selvagens, levando a que uns entrem em declínio e que outros persistam ou aumentem”, disse, em comunicado, Rory Gibb, investigadora da UCL e autora principal do estudo.

“O nosso estudo mostra que os animais que persistem em ambientes mais dominados pelos humanos são aqueles que são mais prováveis de albergar doenças infecciosas que podem causar doenças nas pessoas.” A probabilidade é menor nos animais que vivem em zonas mais selvagens.

Para agravar a situação, a perda da biodiversidade faz desaparecer os animais que não são infectados por esses microorganismos ou que o são mais dificilmente e que, por isso, são uma barreira à sua progressão.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.