Reino Unido regista migração pouco usual de tagarelas-europeias

As tagarelas-europeias (Bombycilla garrulus) passam o Inverno na Europa Central mas há anos que surgem fora da sua área de distribuição habitual. Este é um ano assim, com centenas destas aves a chegar ao Reino Unido, na maior irrupção dos últimos 20 anos naquele país.

 

Diz quem sabe que o som de uma tagarela-europeia faz lembrar os sinos dos trenós. São aves das florestas do Norte da Europa – desde a Sibéria à Escandinávia -, com um certo ar exótico, do tamanho de estorninhos. Têm uma poupa, mascarilha preta nos olhos e asas com pretos, amarelos, brancos e vermelhos.

Segundo o site Aves de Portugal, apenas há uma ocorrência conhecida em Portugal, no Inverno de 1965-66. Nesse ano houve “uma grande irrupção em toda a Europa, que atingiu diversos pontos da Península Ibérica”, pode ler-se no site.

Este ano, centenas de tagarelas-europeias estão a chegar ao Reino Unido. A organização RSPB (Royal Society for the Protection of Birds) explica que esses eventos conhecidos como “irrupções” ocorrem em anos com demasiadas aves e poucas bagas vermelhas, o seu alimento preferido. Então, as aves são obrigadas a descer mais para Sul.

 

 

“Este ano parece que vamos ter um Inverno de tagarelas-europeias, com centenas destas aves a ser observadas em todo o país”, escreve a RSPB em comunicado. Esta será a maior irrupção de tagarelas-europeias no Reino Unido dos últimos 20 anos. Em algumas regiões da Escócia estão a ser registados bandos de 300 aves.

Segundo Jamie Wyver, daquela organização, as aves não são nada tímidas e normalmente sentem-se confortáveis em locais com pessoas. Como os parques de estacionamento de supermercados, aparentemente um dos melhores locais para avistar esta espécie por causa dos arbustos de bagas vermelhas ali plantados para fins ornamentais. O jornal britânico Express testemunha que inúmeros observadores de aves estão a juntar-se nesses parques de estacionamento para tentar ver as tagarelas-europeias.

A organização aproveita para lembrar a importância de os cidadãos plantarem árvores e arbusto de bagas, para ajudarem as aves e outros animais a encontrar alimento durante os meses mais frios do ano.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.