Resgatado golfinho em praia de Odemira

Os elementos do Comando-local da Polícia Marítima de Sines e da Estação Salva-vidas de Sines resgataram esta manhã um golfinho juvenil da espécie boto (Phocoena phocoena) que arrojou na praia de Brejo do Largo, concelho de Odemira.

O alerta foi dado por um popular cerca das 11h00, informando da presença do cetáceo na praia de Brejo do Largo. De imediato “foram ativados para o local elementos do Comando-local da Polícia Marítima e da Estação Salva-vidas de Sines”, segundo um comunicado da Autoridade Marítima Nacional.

Foto: Autoridade Marítima Nacional

O mamífero foi resgatado com recurso a uma mota de água e, posteriormente, devolvido ao seu habitat natural pelos elementos da Estação Salva-vidas de Sines.

Esta operação foi realizada em estreita colaboração com os elementos do projecto ARROJAL – Apoio à Rede Nacional de Arrojamentos, da Universidade de Évora. Este projecto tem como área de actuação a zona de Tróia a Odeceixe.

O Comando-local da Polícia Marítima de Sines tomou conta da ocorrência. 

Foto: Autoridade Marítima Nacional

Já a 3 de Dezembro de 2021 a equipa do ARROJAL tinha encontrado outro boto, dessa vez junto à praia dos Aivados. Infelizmente, este animal já não estava vivo. A necropsia realizada no laboratório não permitiu determinar a causa da morte do animal.

Os botos são os cetáceos mais pequenos que ocorrem em Portugal. Apesar de serem animais tímidos, dos quais só avistamos muitas vezes uma pequena barbatana dorsal fora da água, estes pequenos cetáceos aproximam-se muito da costa, o que os torna vítimas de capturas acidentais pelas embarcações de pesca.

Classificado em 2005 como Vulnerável, pelo Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, os dados mais recentes (de 2010 a 2015) indicam que o boto está agora Em Perigo, ou seja, com um risco de extinção muito elevado.


Saiba mais aqui sobre a situação dos botos em Portugal.

Saiba mais sobre o boto:

Como se distingue: A coloração do bôto pode ser variável mas normalmente é cinzento escuro no dorso, clareando até à zona ventral que é branca. Tem um focinho curto sem bico perceptível e as barbatanas escuras.

Tamanho e peso: tem um corpo pequeno mas robusto, com cerca de dois metros de comprimento e 80 quilos de peso.

Onde ocorre: Ocorre nas áreas mais próximas da costa, sempre com profundidades inferiores a 200 metros, em estuários e baías. Pode ver-se de Norte a Sul, mas é mais frequente entre o Porto e a Nazaré e na zona da Arrábida e Costa da Galé, além da costa algarvia (entre Sagres e Albufeira).

Curiosidades: É o cetáceo mais pequeno da costa portuguesa e um dos mais ameaçados, pois é muitas vezes apanhado por redes de pesca. É bastante tímido, pelo que não é muito fácil de observar.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.