Rouxinol-do-mato, Ave do Ano em Espanha, já começou a sua migração para África

Rouxinol-do-mato. Foto: Hugo Sánchez/SEO/Birdlife

O rouxinol-do-mato, Ave do Ano 2022 em Espanha, chega a Portugal e Espanha na Primavera e parte no final do Verão. Depois de acabar a reprodução começa a migração. Pode ver os últimos rouxinóis até à segunda quinzena de Setembro.

Esta ave, com estatuto de conservação Quase Ameaçado em Portugal, faz parte do grupo de aves que vem reproduzir-se ao nosso território na Primavera. Quando as crias já estão independentes, abandonam estes locais e migram para as zonas de invernada que se encontram em África, na zona do Sahel, a Sul do deserto do Saara.

Rouxinol-do-mato. Foto: Hugo Sánchez/SEO/Birdlife

O rouxinol-do-mato (Cercotrichas galactotes) alimenta-se de insectos e tem uma cauda ruiva com pontas pretas e brancas.

Vive “sobretudo em vales de zonas secas, junto a rios ou a ribeiras temporárias, com algum mato, e também em vinhas de zonas quentes”, segundo o portal Aves de Portugal. É uma espécie pouco comum em Portugal, cuja distribuição está restrita ao quadrante sueste do território.

Em Espanha é uma espécie ameaçada. Segundo a Sociedade Espanhola de Ornitologia (SEO/Birdlife), existirão cerca de 17.000 rouxinóis-do-mato em Espanha, revelando uma redução populacional de cerca de 90% nos últimos anos, de acordo com o último censo realizado a esta espécie, em 2020. “A sua situação é crítica e enfrentamos com elevada probabilidade o desaparecimento de populações em Espanha”, alertou a SEO/Birdlife em comunicado.

A organização defende que se continue a trabalhar para conhecer melhor as suas exigências ecológicas e os padrões de migração, ter mais informações sobre as zonas onde passa o Inverno e possíveis problemas de conservação.

“É preciso mudar urgentemente a sua categoria no Catálogo Espanhol de Espécies Ameaçadas, atribuindo-lhe a categoria Em Perigo de extinção, e pôr em marcha o respectivo Plano de Recuperação”, comentou Nicolás López-Jiménez, responsável pelo Programa de Conservação de Espécies da SEO/Birdlife.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.