Rui Peres dos Santos está a investigar quais são as baleias e golfinhos da costa algarvia

Baleia-comum (Balaenoptera physalus) e golfinho-comum (Delphinus delphis), junto à costa algarvia. Foto: CCMAR

Biólogo ligado ao CCMAR – Centro de Ciências do Mar do Algarve quer compreender qual é a abundância de cetáceos e e estudar o uso de vigias na região. E já obteve alguns dados.

O objectivo deste biólogo marinho, que está a realizar uma tese de doutoramento, é “catalogar as espécies que cruzam as águas algarvias, a altura do ano em que o fazem” e também “a sua abundância e comportamentos que exibem”, informa uma nota de imprensa divulgada pelo CCMAR.

Os resultados deste trabalho vão ser aplicados em novas medidas de protecção destes animais, face às actividades turísticas de observação de baleias e golfinhos, acrescenta este centro de investigação.

O Farol de Santa Maria, em Faro, foi onde começaram as observações ligadas aos trabalhos de campo, em Outubro passado. No espaço de seis meses, até Março, “já foram contabilizados mais de cem avistamentos de várias espécies”. Golfinhos-roazes e golfinhos-comuns, e ainda a baleia-comum, foram os mais avistados.

Rui Peres dos Santos no Farol de Santa Maria, em Faro, a observar cetáceos. Foto: CCMAR

Em Portugal, os golfinhos-roazes são comuns por toda a costa portuguesa. Segundo o LIFE MarPro, estes mamíferos têm um corpo robusto que pode chegar aos 3,8 metros. Estima-se que vivam 30 a 40 anos. Já os golfinhos-comuns são a espécie mais observada de cetáceos na costa portuguesa. Têm “um corpo esguio com bico proeminente.”

Golfinho-roaz (Tursiops truncatus). Foto: Cloudette_90/WikiCommons

Quanto às baleias-comuns, são o segundo maior animal da Terra a seguir à baleia-azul, podendo atingir mais de 20 metros de comprimento – o equivalente à altura de um prédio com cerca de sete andares. “São frequentemente avistadas ao largo da gosta de Portugal Continental durante todo o ano”, explica a RAAlg – Rede de Arrojamentos do Algarve.

Baleia-comum (Balaenoptera physalus) e golfinho-comum (Delphinus delphis), junto à costa algarvia. Foto: CCMAR

Três observações por semana

Actualmente, realizam-se três observações por semana, cada uma incluindo três varrimentos do horizonte, explica o CCMAR. As condições de visibilidade permitem normalmente chegar às seis milhas – que correspondem a 11 quilómetros – mas é possível chegar mais longe, até às 12 milhas (22 quilómetros).

A Praia da Falésia, em Vilamoura, é outro dos locais de observação desde Janeiro passado, “alargando a área marítima observada, cobrindo agora duas zonas distintas com diferentes números de embarcações a operar.”

O investigador da Universidade do Algarve está também a analisar quais são as oportunidades ligadas ao uso de vigias – pessoas que observam o mar em busca de cetáceos – pelas empresas turísticas de observação da vida marinha.

Rui Peres dos Santos tem experiência a trabalhar nos Açores com empresas deste sector, onde a actividade é “importante” como fonte de receitas e para a imagem da região. No arquipélago, “os vigias têm um papel essencial na detecção dos animais e consequente satisfação dos turistas”, acrescenta o CCMAR.

Ao mesmo tempo, em complemento a este trabalho de doutoramento, está a ser realizada uma tese de mestrado sobre o impacto das observações de baleias no Algarve. Na região, estão registadas 121 embarcações de observação de cetáceos.


Saiba mais.

Recorde estas sete espécies de cetáceos que pode observar na praia ou num passeio pelo mar.

Inês Sequeira

A minha descoberta do mundo começou nas páginas dos livros. Desde que aprendi a ler, devorava tudo o que eram livros e enciclopédias em casa. Mais tarde, nos jornais, as minhas notícias preferidas eram as que explicavam e enquadravam acontecimentos que de outra forma seriam compreendidos apenas pelos especialistas. E foi com essa ânsia de aprender e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista. Comecei em 1998 na área de Economia do PÚBLICO, onde estive 14 anos a escrever sobre transportes, aviação, energia, entre outros temas. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da agência Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água” e trabalho para um mundo melhor. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.