Saiba quantas espécies de plantas (conhecidas) há no mundo

Os botânicos dos Reais Jardins de Kew, em Inglaterra, contaram quantas espécies de plantas são conhecidas para a Ciência. São 390.900.  E só no ano passado foram descobertas mais de duas mil.

 

Os números foram revelados no âmbito do relatório State of the World’s Plants 2016 publicado ontem pelos Reais Jardins Botânicos de Kew.

“Esta é a primeira avaliação global sobre o estado das plantas do mundo”, explicou Kathy Willis, directora científica dos Jardins de Kew, em comunicado. “Já temos um estado das florestas mundiais, assim como de aves, de tartarugas-marinhas, de cidades, mães, pais, crianças e até de antibióticos. Mas não de plantas. Acho isso impressionante, dada a importância das plantas nas nossas vidas, desde a alimentação, medicamentos e vestuário aos materiais de construção e biocombustíveis”, acrescentou. No seu entender, este relatório “é um primeiro passo para colmatar esta lacuna crítica de conhecimento”.

No relatório está a diversidade das plantas na Terra, mas também as ameaças e o que se está a fazer para as proteger.

Os investigadores calculam em 390.900 o número de espécies de plantas conhecidas na Terra. Destas, 369.400 têm flor. Para chegar a este número, os botânicos passaram as bases de dados existentes a pente fino, detectando sobreposições quando, por exemplo, uma mesma espécie surge com nomes diferentes.

“Isto é apenas a ponta do iceberg. Há milhares de espécies por aí que não conhecemos”, disse a responsável citada pela BBC News. Mas todos os anos se descobrem espécies novas. Só em 2015 foram descobertas 2.034. Desde os anos 90 do século passado, a China, Brasil e Austrália têm sido os países com maior número de espécies novas para a Ciência.

Entre as espécies descobertas no ano passado está uma árvore com 45 metros de altura e 105 toneladas, a Gulbertiodendron maximum, nas florestas tropicais dos Camarões e Congo. E também as orquídeas Dendrobium cynthiae, endémica da Nova Guiné, e a Selenipedium dodsonii, da América do Sul.

Ainda segundo o relatório, várias espécies descritas em 2015 estão já presumivelmente extintas, como a árvore Tarenna agnata, da família da planta do café, que já não é vista viva há 50 anos. Seria endémica do Gana e Costa do Marfim mas hoje só existe nos registos de herbários.

A verdade é que 21% das plantas conhecidas estão em risco de desaparecer, ameaçadas por alterações climáticas, perda de habitat, doenças e espécies exóticas invasoras. Hoje são 4.979 as espécies que estão identificadas como invasoras em todo o mundo.

Para o final do ano está previsto o lançamento de um site que vai disponibilizar online esta informação sobre as espécies de plantas. É o Plants of the World Online Portal (POWOP).

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.