Saiba quantos priolos foram contados no mundo em 2018

Em todo o mundo, só podemos encontrar priolos na floresta sempre verde da ilha de São Miguel, nos Açores. Esta pequena ave, protagonista de uma das histórias de sucesso da conservação da natureza, tem hoje uma população de 970 indivíduos, soube-se esta semana.

 

O priolo (Pyrrhula murina) é uma ave rechonchuda com 30 gramas e 16 centímetros de comprimento. Tem a cabeça, asas e cauda pretas.

 

Priolo (Pyrrhula murina). Foto: Mark Putney/Wiki Commons

 

Nos anos 1990 restavam menos de 400 aves e eram grandes os receios de que espécie se pudesse extinguir.

Em 2018 foram contabilizados 970 priolos na ilha de São Miguel, segundo as conclusões da monitorização anual, feita de 15 de Junho a 31 de Setembro pelos técnicos do projeto Life+ Terras do Priolo, coordenado pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (Spea).

Este número representa uma redução em relação aos 1.182 registados em 2017. Mas, segundo a Spea, “a estimativa deste ano (…) enquadra-se nas flutuações normais da população (é, aliás, semelhante ao número de priolos estimados há dois anos)”.

A monitorização anual desta espécie é crucial para “obter uma estimativa populacional e a distribuição do priolo”. Foi realizada em 158 pontos, percorridos entre as 06h30 e as 12h00, maioritariamente dentro da Zona de Proteção Especial (ZPE) Pico da Vara / Ribeira do Guilherme, incluindo ainda alguns no perímetro exterior da ZPE. Ou seja, ao longo de uma mancha contínua desde a Serra da Tronqueira até às Furnas.

Em cada ponto registaram-se ao longo de oito minutos todas as deteções visuais e auditivas de priolos, anotando-se o minuto da primeira deteção de cada indivíduo e sua distancia ao observador. Houve ainda o cuidado de não contabilizar o mesmo indivíduo repetidamente.

O priolo já foi a ave mais ameaçada da Europa e, até 2010, esteve na categoria Criticamente Em Perigo de extinção na Lista Vermelha da União Internacional de Conservação da Natureza (UICN). A ave estava a desaparecer devido à falta de alimento, causada pelo recuo da floresta Laurissilva e pela proliferação das espécies exóticas.

Nos últimos 15 anos, a Spea e o governo regional dos Açores deitaram mãos à obra e trabalharam para conservar os priolos e os seus habitats. Entre as medidas implementadas estão o corte e controlo da vegetação exótica e a plantação de espécies autóctones. Nesse espaço de tempo, a população mais do que duplicou e hoje mantém-se estável.

Recentemente, a Spea lançou um desafio nas redes sociais para saber quantos priolos achavam os seus seguidores que existiam no mundo. “Ficámos muito contentes com o otimismo dos seguidores da Spea, que deram todos palpites acima dos 1.000 priolos”, escreve a organização, em comunicado.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.