Seis detidos em Espanha por pesca de espécie protegida no Antártico

Agentes da polícia espanhola, da Interpol e da Europol juntaram-se, na Galiza, numa acção conjunta para deterem um conhecido “barão” da pesca espanhola e outros cinco acusados de pescarem espécies protegidas no Oceano Antártico.

 

Entre os detidos esta semana contam-se pelo menos quatro membros da família Vidal-Pego, uma conhecida família de “barões” da indústria de pesca, em Espanha, incluindo o patriarca Antonio Vidal Suarez e três filhos. Os restantes são empregados da empresa Vidal Armadores, propriedade da família.

Em causa está a pesca ilegal de merluza-negra (Dissostichus eleginoides) em águas reguladas pela Convenção para a Conservação dos Recursos Vivos Marinhos Antárticos, pelo menos desde 2006, indica o jornal La Voz de Galicia.

A merluza-negra é um peixe conhecido como “ouro branco” na indústria pesqueira, uma vez que a sua carne pode chegar a valer 130 euros por quilo.

A família Vidal é dona de uma unidade industrial na Corunha, Galiza, onde se fabricam produtos à base de Omega-3 – ácidos em que a merluza-negra é rica. Esta fábrica foi um dos locais revistados pela polícia, que também fez revistas noutros locais ligados à empresa, incluindo a residência de Antonio Vidal Suarez.

“Esta é a primeira vez que a Guardia Civil espanhola, a Interpol e a Europol juntam forças numa acção conjunta contra a pesca ilegal. Este caso demonstra a gravidade da pesca ilegal, desregulada e não reportada como sendo um crime contra o ambiente, devendo ser sempre julgada em tribunal dessa forma”, declarou Lasse Gustavsson, director-executivo da organização não governamental Oceana.

De acordo com a imprensa galega, a operação policial foi baptizada de Yuyus e está a ser coordenada pelo Serviço de Protecção da Natureza (Seprona) e pela Interpol, a nível internacional.

Por decisão da justiça espanhola, os seis detidos foram presos sob uma fiança de 100.000 euros, acusados de delitos contra o meio-ambiente, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e participação em grupo criminoso. Ficam também proibidos de abandonar o país, tendo-lhes sido retirado o passaporte, e têm de apresentar-se quinzenalmente junto das autoridades.

A Vidal Armadores tem sido desde há muito tempo conhecida, por grupos ambientais, pela pesca pirata na Antártida, mas muitas vezes conseguiu ser absolvida das acusações ou limitou-se ao pagamento de multas.

De acordo com a Greenpeace, que há vários anos investiga a actividade da empresa galega, desde 1999 as embarcações da Vidal Armadores foram detidas em 11 ocasiões, em três das quais confiscadas, e tiveram de pagar multas de três milhões de euros. No entanto, a empresa terá recebido ajudas espanholas e comunitárias no total de 16 milhões de euros.

 

 

 

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.