Seis grifos devolvidos à natureza no Alentejo

Estas imponentes aves chegaram ao RIAS, no Algarve, muito debilitadas durante o período da migração outonal. A 19 de Dezembro regressaram à natureza, num momento considerado como um dos mais impressionantes daquele centro.

 

Segundo uma nota do RIAS – Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens, os seis grifos (Gyps fulvus) ingressaram no centro no final de Setembro e Outubro sendo provenientes de Mértola, Serpa, Beja, Almancil e Fuseta. “Estavam todos bastante debilitados na sua chegada ao RIAS, essencialmente devido à dificuldade em encontrar alimento durante o período de migração”, explica o centro.

No dia 19 de Dezembro, técnicos do Parque Natural da Ria Formosa ajudaram o RIAS a levar os seis grifos até à serra de Alcaria Ruiva, em Mértola. Este foi o local escolhido para esta libertação “devido à proximidade de dormitórios conhecidos e alimentadores dirigidos a esta espécie”.

 

 

“Foi um momento de grande emoção, quando amigos e voluntários do RIAS, técnicos da Liga para a Protecção da Natureza, Vigilantes da Natureza do ICNF e técnicos do Centro Nacional de Reprodução do Lince Ibérico abriram as seis caixas e deixaram voar em liberdade estas magníficas aves.”

Os seis grifos foram marcados com anilhas metálicas e três deles foram também marcados com marcas alares verdes “que permitirão um melhor seguimento pós-libertação”.

 

 

O grifo tem um estatuto de conservação Quase Ameaçado em território nacional, de acordo com o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. É uma espécie que está presente no nosso país ao longo de todo o ano, mas faz movimentos amplos fora da época de reprodução, surgindo então noutras zonas do território.

Em Portugal nidificam algumas centenas de casais de grifos, mas a sua distribuição é fortemente assimétrica. Segundo a Palombar – Associação de Conservação da Natureza e do Património Rural, o grifo distribui-se sobretudo pelo interior do território nacional, sendo mais comum junto à fronteira com Espanha. As principais zonas de reprodução situam-se no Nordeste Transmontano, que alberga mais de metade da população portuguesa desta espécie.

O RIAS funciona na Ria Formosa, em Olhão. Desde 2009 a sua gestão está a cargo da Associação ALDEIA, em parceria com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e a ANA-Aeroportos de Portugal, através do Aeroporto de Faro.

 

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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.