Foto: Joana Bourgard / Wilder

Semana Verde Europeia arranca em Lisboa com o lema “Um novo começo para as pessoas e a natureza”

Este ano, a Semana Verde Europeia (19 a 22 de Outubro) é organizada por Lisboa, Capital Verde Europeia 2020. O lema é “Um novo começo para as pessoas e a natureza”.

A sessão oficial de abertura da Semana Verde Europeia decorreu durante o dia de hoje no Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. O evento decorre, a partir de amanhã e até quinta-feira, de forma virtual, com mais de 30 debates online.

A Semana Verde Europeia, promovida anualmente pela União Europeia, é este ano organizada por Lisboa, a cidade distinguida com a galardão Capital Verde Europeia 2020.

“Este ano queremos salientar a importância de repensar a nossa relação com a natureza e o contributo que a biodiversidade pode ter para a sociedade e economia”, segundo os organizadores do evento.

“Nunca como agora houve maior urgência em debater a natureza e a biodiversidade. Ambas são essenciais à vida na Terra. Precisamos proteger a natureza para resolver as alterações climáticas, travar a perda de biodiversidade e proteger as pessoas de pandemias devastadoras.” 

Na sessão oficial de abertura da Semana Verde Europeia, o comissário europeu para o Ambiente, Oceanos e Pescas, Virginijus Sinkevičius, sublinhou que “a natureza é a nossa rede de segurança”.

“A natureza está a pedir-nos para travarmos a perda de biodiversidade e reverter os danos que lhe estamos a causar”, acrescentou o comissário europeu. 

Hoje, a Agência Europeia do Ambiente publicou um relatório, segundo o qual 63% das espécies e 81% dos habitats da Europa estão em declínio.

Elisa Ferreira, a comissária Europeia para a Coesão e Reformas, disse na sessão que o lema da Semana Verde Europeia, “Um novo começo para as pessoas e a natureza”, é particularmente relevante e argumentou que “mesmo os mais pequenos gestos do dia-a-dia” dependem “de uma biodiversidade ecológica, noticiou a Agência Lusa. 

A sessão de abertura da Semana Verde Europeia contou ainda com os discursos do administrador da Fundação Calouste Gulbenkian, Carlos Moedas, do comissário Europeu para o Ambiente, Oceanos e Pescas, Virginijus Sinkevičius, do ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Matos Fernandes, e do presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina.

“O combate às alterações climáticas já era antes da pandemia o principal desafio com que a humanidade se confrontava. Já era e não deixou de ser. E a pandemia, do ponto de vista estrutural, reforça essa mesma prioridade e veio mostrar-nos de forma ainda mais clara a importância desta agenda verde”, defendeu o chefe do executivo municipal, citado pela Agência Lusa. 

“Nós, humanos, hoje sabemos que não tivemos uma palavra a dizer sobre a forma como a pandemia nos invadiu o quotidiano, mas temos uma palavra muito importante a dizer sobre como é que coletivamente vamos sair deste período”, vincou.

Durante o dia, peritos debateram a biodiversidade no contexto mundial, em particular a Agenda 2030. Entre os temas do dia estiveram a adaptação da biodiversidade às alterações climáticas, como trazer a biodiversidade para as cidades, as novas economias verde e azul, o rewilding, a redução da desflorestação e a produção de alimentos amiga da biodiversidade.

Este ano, a Semana Verde Europeia vai ser um marco em direcção à COP15 (Conferência das Partes) da Cimeira da Biodiversidade que vai acontecer em Kunming, na China, em 2021. Nessa cimeira, os líderes mundiais vão adoptar um plano de acção a 10 anos para a biodiversidade, um novo acordo mundial.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.