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SEO/Birdlife ensina pescadores a libertar aves presas em redes de pesca

A equipa marinha da Sociedade Espanhola de Ornitologia (SEO/Birdlife) está a ensinar os pescadores do Mediterrâneo e da Galiza a libertar as aves que ficam presas nas suas redes de pesca. 

“Quando se capturam aves vivas, os pescadores normalmente querem libertá-las. Mas manipulá-las correctamente – como retirar o anzol quando está visível ou cortar a linha de pesca e fazê-lo com rapidez – marca a diferença entre sobreviverem ou não uma vez libertadas”, explica a SEO/Birdlife em comunicado.

A captura de aves vivas acontece especialmente na pesca artesanal, quando é usado um palangre mais pequeno, lançado a menor profundidade e ao qual se acrescenta pouco peso. Desta forma, as aves enredadas mantêm-se à superfície e é possível retirar os ganchos. 

Os pescadores têm interesse em retirar as aves enredadas nas suas redes. “As capturas de aves vivas criam problemas aos pescadores, já que não permitem que os ganchos com isco cheguem ao fundo, reduzindo assim as oportunidades de pesca”, segundo a organização. “E se as aves enredadas não forem libertadas rapidamente, estas podem gerar mais capturas acidentais ao manter o palangre perto da superfície e, por isso, os iscos mais acessíveis para outras aves.”

Projectos como o Zepamar II da SEO/Birdlife permitem saber que neste tipo de pesca, cerca de 60% das aves enredadas podem ser libertadas com vida. Mas não se sabe quantas recuperam, já que estes acidentes podem causar-lhes lesões graves e, eventualmente, a morte.

Pardela balear libertada pelo pescador Marc Castells depois de lhe retirar o anzol. Foto: SEO/Birdlife 

“Os pescadores têm um papel fundamental na recuperação destas aves presas nas linhas de pesca”, entende a SEO/Birdlife. Para os ajudar, a organização preparou um folheto informativo sobre como agir quando se recuperam aves vivas. Por exemplo, o documento explica como içar a ave para a embarcação, como manejá-la de forma segura para retirar os anzóis ou linhas de pesca e depois como libertá-la correctamente.

Nos casos em que a ave tenha lesões graves, a SEO/Birdlife aconselha os pescadores a levar o animal para terra e a contactar as autoridades para a conduzir a um centro de recuperação. 

Além desse folheto, a organização distribuiu um kit com o material necessário para conseguir um maneio seguro e adequado da ave (toalha, alicates, luvas e uma sacola).

Este projecto está a decorrer com o apoio da Fundación Biodiversidad do Ministério para a Transição Ecológica e Desafio Demográfico espanhol, através do Programa Pleamar, actualmente Zepamar II.

Em Portugal, a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) tem a decorrer, até 2025, um projecto para travar a captura acidental de aves marinhas em artes de pesca na ZPE Aveiro-Nazaré.


Saiba mais.

Conheça aqui quais as aves marinhas que ocorrem no mar português.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.