Foto: Manuel Piteira/Município de Arraiolos

Sobreiro de Arraiolos eleito Árvore Portuguesa do Ano 2022

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A “Sobreira Grande”, de Vale do Pereiro, Arraiolos, foi escolhida pelos portugueses para representar Portugal no concurso europeu da Árvore do Ano, foi hoje revelado.

Com 250 anos, a “Sobreira Grande” representa a típica paisagem alentejana e ganhou o Concurso da Árvore Portuguesa do ano 2022 com 3.317 votos, revelam os organizadores desta iniciativa em Portugal, a União da Floresta Mediterrânica (UNAC).

“Sobreira Grande”. Foto: José Macau/Município de Arraiolos

O segundo e terceiro lugares foram ocupados, respetivamente, pela Melaleuca armilaris da Quinta das Pratas (no Cartaxo) com 1.898 votos e pela “Oliveira Real” (em Faro) com 1.700 votos.

O público decidiu entre 10 árvores candidatas, num total de votos registados de 15.588.

A “Sobreira Grande”, sobreiro (Quercus suber) de grande dimensão e com uma idade estimada em 250 anos, “é um ilustre representante da resiliência e resistência dos montados e dos produtores florestais ao tempo e às adversidades”, escreve a UNAC, em comunicado.

“Sobreira Grande”. Foto: Manuel Piteira/Município de Arraiolos

“Incluindo-se aqui as alterações climáticas, a ausência continuada de políticas públicas que defendam convenientemente este setor e as suas características peculiares de gestão e rendimento, cujos resultados ocorrem sempre a muito longo prazo e a luta de uma matéria-prima natural de excelência num mercado que poucas vezes concretiza em valor a vontade que os consumidores têm em defender o ambiente, a natureza e a biodiversidade.”

Os montados de sobro em conjunto com os montados de azinho, representam um terço da floresta nacional e são o manto protetor de territórios altamente suscetíveis à desertificação e ao despovoamento. “Garantir a dimensão económica e social dos montados é determinante na luta contra a perda de vitalidade, a conversão para outros usos ou o aumento da incidência dos incêndios.”

A “Sobreira Grande” irá representar Portugal no concurso europeu Tree of the Year, organizada pela organização ambiental Environmental Partnership Association, cujas votações decorrem on-line durante o mês de Fevereiro de 2022.

“O objetivo do concurso é destacar a importância das árvores antigas na herança cultural e natural, que merece toda a nossa atenção e proteção. Ao contrário de outros concursos, a Árvore Europeia do Ano não se foca apenas na beleza, no tamanho ou na idade da árvore, mas sim na sua história e relações com as pessoas”, explica em comunicado a UNAC, organização portuguesa que representa produtores florestais ligados ao espaço mediterrânico.

“Sobreira Grande”. Foto: Manuel Piteira/Município de Arraiolos

Portugal participou pela primeira vez em 2018, quando ganhou o primeiro lugar do concurso europeu com o “Sobreiro Assobiador”. Na última edição, o “Plátano do Rossio” arrecadou o quarto lugar entre todas as concorrentes europeias, numa corrida em que a “Azinheira Milenar de Lecina”, representante de Espanha, foi a grande vencedora.

Nesta edição da Árvore Portuguesa do Ano 2022, os resultados finais da votação foram:

  1. A Sobreira Grande (Arraiolos)
  2. Melaleuca Armilaris da Quinta das Pratas (Cartaxo)
  3. Oliveira Real (Faro)
  4. Magnólia do Jardim da Casa da Criança D. Leonor (Leiria)
  5. Oliveira de Mouchão (Abrantes)
  6. Oliveira Milenar (Faro)
  7. Plátano Gigante da Quinta de Fôja (Coimbra)
  8. O Guardião d’ El Rei (Leiria)
  9. O Esconderijo (Coimbra)
  10. O Metrosídero do Campo de São Francisco (Ponta Delgada)

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.