Tartarugas marinhas devolvidas ao mar ao largo de Portimão

As duas tartarugas-comuns (Caretta caretta) passaram cerca de um ano no Porto d’Abrigo do Zoomarine, em Albufeira. A 30 de Julho foram devolvidas ao mar, 12 milhas náuticas a sul de Portimão.

 

A Oculus e a Océane estiveram no centro de reabilitação do Zoomarine durante mais de um ano. Quando chegaram “pesavam, respectivamente, 4,2 e 1,3 quilogramas. Agora regressam ao selvagem muito mais fortes, bem mais saudáveis e consideravelmente mais pesadas (cada uma com cerca de 10 quilogramas extra)”, segundo uma nota do Zoomarine enviada à Wilder.

 

 

As duas tartarugas foram devolvidas ao mar com a cooperação da Marinha Portuguesa. Uma embarcação militar levou os dois animais e uma equipa de reabilitadores a 12 milhas náuticas a sul de Portimão. O objectivo é que “a devolução tenha lugar bem longe da costa e das eventuais redes que tantos conspecíficos destas tartarugas matam nos mares e oceanos deste planeta”.

 

 

Cada um dos animais levou duas anilhas de titânico (em ambas as barbatanas peitorais) e um microchip.

A bordo da lancha de fiscalização rápida da Marinha estiveram também as escritoras Isabel Alçada e Ana Maria Magalhães, autoras das colecções Uma Aventura e Viagens no Tempo.

 

 

A tartaruga-comum é uma espécie migradora (não reprodutora) visitante nos arquipélagos dos Açores e da Madeira. É nas águas oceânicas em redor destas ilhas que estas tartarugas passam grande parte da fase inicial do seu ciclo de vida, entre seis a 12 anos, com uma missão: procurar alimento nas frentes oceânicas. São animais que nasceram nas costas ocidentais do Atlântico Norte (Estados Unidos e México).

Estes animais, essencialmente juvenis, fazem parte de uma população mais ampla que abrange grande parte do Atlântico Norte Central e Ocidental.

Enquanto as tartarugas juvenis ocorrem exclusivamente em alto mar, os adultos têm hábitos costeiros.

Mas as águas portuguesas não são isentas de perigos para estas tartarugas juvenis. Segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (2005), “o principal factor de ameaça à espécie é a captura acidental por artes de pesca”. Mas não só. Os plásticos, o crude e os apetrechos de pesca abandonados (como linhas e redes) são outra ameaça, nomeadamente através de enredamento e ingestão. Assim como a interacção com embarcações.

Actualmente, a tartaruga-comum é uma espécie classificada Em Perigo de extinção pelo Livro Vermelho.

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Saiba o que fazer no caso de um arrojamento de um animal selvagem.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.