Ecofungos. Foto: Ana Mestre
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Trabalhando com a vida selvagem: conheça a EcoFungos e como está a ajudar os cogumelos

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Há mais de 20 anos que este grupo de naturalistas apaixonados por fungos e cogumelos trabalha para os conservar e dar a conhecer. Na calha está um Guia de Cogumelos em português, adiantou à Wilder Rui Simão, da EcoFungos.

A EcoFungos – Associação Micológica tem como “data de nascimento” o ano de 2004. Mas, na verdade, este trabalho começou muito antes, em 1997.

“Teve por base a vontade de aprender e partilhar conhecimento na área da micologia uma vez que, por essa altura, o conhecimento sobre fungos estava maioritariamente ‘guardado’ nas instituições de ensino superior”, explicou Rui Simão.

EcoFungos. Foto: Ana Mestre

“O nosso grande objetivo foi democratizar este conhecimento e expandi-lo com o apoio das pessoas e entidades parceiras.”

Hoje, a EcoFungos já leva quase 25 anos de trabalho em prol do reino mágico dos cogumelos. E de todas as pessoas que se interessem por fungos, um grupo cada vez maior.

A sua missão, como explicou Rui Simão, é “contribuir para a conservação da natureza pela divulgação e promoção do conhecimento sobre o património ecológico e micológico nacional e internacional”.

Para isso, a associação promove “acções de sensibilização, educação, formação e investigação, que contribuam para o desenvolvimento sustentável e para a consciencialização ambiental dos cidadãos, integrando a riqueza social e cultural das comunidades”.

Esta associação micológica não tem associados formais mas sim “amigos (pessoas e instituições) que apoiam e ajudam na promoção do nosso trabalho”.

Foto: Ana Mestre

A EcoFungos faz registos anuais das espécies que identificam para o seu herbário virtual. Além disso, a associação está a trabalhar em novas parcerias, num Guia de Cogumelos, em português, e na criação de novas formas de interação com os seus amigos, melhorando as suas páginas de Facebook e Instagram.

“Trabalhamos maioritariamente na região da Área Metropolitana de Lisboa (AML), mas realizamos atividades em vários concelhos do país, fora da AML, como por exemplo Grândola, Golegã, Pedrógão Grande, Évora, entre outros.”

Uma das actividades que organizam são passeios micológicos para observar, identificar e colher cogumelos. O próximo está marcado para o fim-de-semana de 4 e 5 de Dezembro em Grândola, uma iniciativa em colaboração com a Câmara Municipal e que inclui uma degustação de cogumelos, preparada pelo Chef Jorge Rodrigues.

Foto: Ana Mestre

O último passeio micológico aconteceu na Golegã a 20 de Novembro.

“O conhecimento é fundamental para as sociedades evoluírem e o nosso país precisa de compreender, a vários níveis, que a floresta e os espaços naturais, têm de ser estudados sob todas as perspectivas, e naturalmente, sob a perspetiva do papel que os fungos desempenham no seu equilíbrio”, comentou Rui Simão.

Atualmente, e devido às redes sociais, “surgiram muitos novos grupos e associações que, à semelhança da EcoFungos, têm vindo a contribuir para o aumento do conhecimento do Reino dos Fungos em Portugal”.

Foto: Ana Mestre

Mas ainda assim, notou, “o nosso património micológico é vasto e está pouco estudado”. “Julgo que será também importante, além do trabalho que é, mais ou menos amador, ao nível das associações e/ou grupos, caminhar para estudos mais rigorosos ao nível científico. Para isso, a “simbiose” entre o mundo do associativismo e do ensino, precisa de ser fortalecido.”

Foto: Ana Mestre

Por tudo isto, a EcoFungos vai continuar a sua missão, movida e inspirada pela “receptividade” do seu trabalho e pela “alegria e o deslumbre das pessoas quando falamos sobre o Reino Mágico dos Cogumelos”.

“É um Reino fantástico que tem muito para descobrir e ensinar.”


Saiba mais.

A Ecofungos é a responsável pela identificação dos fungos e cogumelos do “Que Espécie é Esta?”. Até Novembro de 2021 já foram respondidos 85 pedidos de identificação.
 

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.