águia-imperial-ibérica em voo
Águia-imperial-ibérica. Foto: Juan Lacruz/Wiki Commons

Três águias-imperiais mortas em Toledo por electrocussão

Três águias-imperiais foram encontradas mortas em Toledo, Espanha, por electrocussão. Este é um dos episódios mais graves dos últimos tempos na região a afectar uma rapina em perigo de extinção.

 

As aves foram encontradas no início deste mês, graças ao emissor GPS colocado em duas das águias, informa o GREFA – Grupo espanhol de Reabilitação de Fauna Autóctone e do seu Habitat, em comunicado. Essas aves estavam a ser seguidas por projectos científicos e conservacionistas da GREFA e da WWF Espanha, em parceria com a Junta de Castela-La Mancha.

Segundo o GREFA, as três águias nasceram este ano. Duas delas – Iris e Porrón – serão filhas de Susana, uma fêmea que é estudada pelo GREFA há 10 anos e que tem o seu território reprodutor no Norte da província de Toledo.

“Há poucos dias, Iris foi encontrada por debaixo de uma linha eléctrica no município de Paredes de Escalona (Toledo)”, segundo o mesmo comunicado. A águia estava a ser seguida pelo programa Centinelas del veneno, da WWF Espanha, cujo objectivo é melhorar a detecção de iscos envenenados e de outros perigos para as rapinas e ajudar a erradicar essas ameaças.

Porrón, ave que estava a ser seguida pela Junta de Castela-La Mancha, foi encontrada na mesma altura de Iris, debaixo de outra linha eléctrica em Mazarambroz, junto ao cadáver de outra águia-imperial jovem.

“As três águias-imperiais electrocutadas morreram em linhas eléctricas de propriedades particulares, cujos proprietários são pessoas, entidades ou pequenas empresas sem tantos recursos como as grandes companhias eléctricas para implementar as medidas de correcção necessárias para evitar a electrocussão das aves”, explica o GREFA.

Por isso, o GREFA e a WWF Espanha pedem ao conselheiro para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento Rural de Castela-La Mancha, Francisco Martínez Arroyo, que inclua os particulares com menos recursos na previsão de verbas para ajudar a corrigir as linhas eléctricas.

Em 2016, várias entidades criaram a Plataforma SOS Tendidos Eléctricos para alertar para a mortalidade de aves nas linhas eléctricas, um problema que afecta espécies ameaçadas como a águia-imperial, o quebra-ossos e a águia-perdigueira.

A águia-imperial (Aquila adalberti) vive em Espanha mas também em Portugal. Na verdade, é uma das espécies Criticamente em Perigo no nosso país. A electrocussão é uma das principais causas de mortalidade não natural desta rapina.

Desde 2015 que a EDP-Distribuição, um dos parceiros do projecto de conservação dedicado à espécie LIFE Imperial, e os técnicos do projecto têm vindo a identificar os troços mais perigosos para estas rapinas.

Paulo Marques, coordenador do projecto, explicou anteriormente à Wilder que as águias usam as linhas eléctricas como pousos para descansar ou para procurar alimento. Estas aves correm grandes riscos porque são “animais de grande envergadura que facilmente tocam nos postes e nos fios, provocando uma descarga”.

Até 2017 estavam confirmados 13 casos de mortalidade de águia-imperial por eletrocussão em Portugal.
[divider type=”thick”]Saiba mais sobre o LIFE Imperial.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.