tubarão-anequim de perfil, dentro da água
Tubarão anequim fotografado ao largo dos Açores. Foto: Patrick Doll/Wiki Commons

Tubarões e raias ganham nova protecção internacional

Mais de 100 países aceitaram reforçar a protecção para 18 espécies ameaçadas de tubarões e raias, incluindo o tubarão mais rápido do mundo.

A proposta foi aprovada por 102 países no domingo passado, dia 25 de Agosto, na 18ª Conferência das Partes (COP18) da Convenção CITES (Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies de Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção). Quarenta países votaram contra.

O aumento da procura de barbatanas de tubarão é uma das principais razões pelas quais o número de tubarões está a diminuir nos oceanos.

Por ano, estima-se que sejam capturados entre 63 milhões e 273 milhões de tubarões, segundo dados do Pew Trust.

O tubarão-anequim (Isurus oxyrinchus) – que chega a atingir velocidades de 70 quilómetros por hora e é considerado o tubarão mais rápido do mundo – quase desapareceu por completo do Mar Mediterrâneo e os números estão a diminuir de forma preocupante nos oceanos Atlântico, Pacífico Norte e Índico.

Agora, o México apresentou uma proposta para incluir esta espécie e outras no Anexo II da CITES, para que a sua captura passe a estar sujeita a regras para o comércio internacional.

A proposta significa que estas espécies marinhas só poderão ser comercializadas se a sua captura não tiver impacto na sobrevivência das mesmas na natureza.

“Os tubarões-anequins são muito apreciados por causa da sua carne e barbatanas”, disse à BBC Ali Hood, directora de conservação do Shark Trust.

Este é “um dos tubarões mais valiosos economicamente” e é pescado por muitas nações à volta do globo. No entanto não estava sujeito a quotas internacionais de captura.

“Décadas de sobre-pesca sem limites, especialmente em alto mar, conduziu a declínios populacionais significativos.”

Além do tubarão-anequim, outras espécies marinhas, como as raias-guitarra, estão prestes a ser incluídas nos anexos da CITES.

A Conferência da CITES reúne cerca de 180 países em Genebra (Suíça) de 17 a 28 de Agosto. Estas votações terão de ser ratificadas em plenário até 28 de Agosto.

CITES define as regras para o comércio de cerca de 35.800 espécies selvagens. Estas estão organizadas em duas listas, consoante a ameaça e a intensidade da procura comercial.

Umas espécies fazem parte da CITES porque já estão à beira da extinção. Outras porque o comércio as pode empurrar para lá. 

Existem hoje cerca de 1.000 espécies (669 de fauna e 334 de flora) que não se podem comercializar, salvo condições excepcionais. São espécies do Anexo I da CITES o gorila, panda, jaguar, rã-tomate, águia-imperial, papagaio-do-brasil, arara-vermelha e várias orquídeas, por exemplo. 

Para outras 34.596 espécies, do Anexo II, o comércio já é possível mas de forma controlada, para que não tenham a mesma sorte. É o caso do papagaio-cinzento e dos cavalos-marinhos.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.