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UICN: Congresso Mundial da Natureza em Marselha debate prioridades para a biodiversidade mundial

O Congresso Mundial da Natureza da UICN começou sexta-feira, dia 3 de Setembro, e até dia 11 vai debater as prioridades para a Biodiversidade mundial para a próxima década.

Esta reunião, organizada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) na cidade francesa de Marselha, vai debater as medidas para recuperar e proteger as espécies e ecossistemas.

O objectivo é contribuir para que a Humanidade “viva em harmonia com a natureza até 2050”, explicou na cerimónia de abertura a ministra da Transição Ecológica francesa, Barbara Pompili.

Entre os temas em debate estão a desflorestação, a floresta da Amazónia, a agroecologia, os oceanos e as alterações climáticas.

São mais de 1.400 as organizações que participam neste congresso, num total de 600 sessões.

De 4 a 7 de Setembro realiza-se o Fórum, um espaço para troca de novas ideias, investigação e políticas, incluindo a crise climática, a conservação da biodiversidade pós-2020 e agricultura e saúde dos solos.

Depois, de 8 a 10 de Setembro, realiza-se a Assembleia dos Membros da UICN. Estes membros vão debater 18 moções, incluindo a governância dos oceanos, os direitos dos povos indígenas na conservação e a conservação pós-2020.

Paralelamente decorrem uma Exposição, com stands e eventos que vão mostrar inovações e nova investigação (de 4 a 9 de Setembro) e os Espaços Gerações Natureza (4 a 11 de Setembro) para envolver o público em geral na conservação da natureza.

Serão ainda realizadas quatro cimeiras, entre elas uma sobre a juventude e outra sobre a acção a nível local.

“Este é uma época muito importante e este congresso faz parte da dinâmica que queremos criar”, disse o Presidente francês Emmanuel Macron. “A batalha pelo clima está intimamente ligada à conservação da natureza e ao restauro da biodiversidade. Mas estamos atrasados, temos de criar novas metodologias”, acrescentou na cerimónia de abertura.

O Congresso da UICN vai trabalhar sobre a Biodiversidade, uma recuperação com base na natureza e as alterações climáticas. “Reunindo a sociedade civil, povos indígenas e países, o Congresso da UICN vai definir a agenda mundial da conservação da natureza numa altura em que a ligação entre biodiversidade e bem-estar humano é cada vez mais evidente, por causa da pandemia”, segundo um comunicado da organização.

Neste fórum representantes de cerca de 160 países vão tomar decisões que poderão influenciar a política mundial de conservação para os próximos 10 anos. Durante o Congresso serão apresentados novos estudos, relatórios e uma actualização da Lista Vermelha da UICN sobre as espécies ameaçadas.

Este Congresso assume uma forma híbrida, com eventos presenciais e outros virtuais, por causa da pandemia. Realiza-se um mês antes da COP15 da Convenção da ONU para a Diversidade Biológica, na qual os Governos vão definir as metas da Biodiversidade para as próximas décadas. “Os resultados deste congresso vão enquadrar o debate para esse importante evento e vai mostrar aos países como a conservação da natureza pode ter um papel vital em construir um mundo melhor, pós-COVID-19”, segundo a UICN.

Realizado a cada quatro anos, o Congresso permite às 1.400 organizações membro da UICN determinarem as questões mais prementes na conservação da natureza e o que fazer para as resolver.

Na cerimónia de abertura participaram, além de Emmanuel Macron, o primeiro-ministro grego Kyriakos Mitsotakis, o vice-presidente da Comissão Europeia Frans Timmermans, a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, o actor e ambientalista Harrison Ford e o fotógrafo Sebastião Salgado.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.