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Foto: Wing-Chi Poon / Wiki Commons

Um mês depois, estas aves ainda recordam quem as enganou

Investigadores da Áustria e da Suécia fizeram uma experiência com corvos (Corvus corax) e descobriram que os animais desta espécie podem recordar-se de quem os ludibriou durante várias semanas, pelo menos até um mês depois do acontecimento.

 

O estudo tentou perceber até que ponto os corvos são capazes de entender diferentes comportamentos negativos praticados por pessoas distintas e se conseguem reagir, e por quanto tempo, explica uma notícia na Phys.org.

Primeiro, os cientistas ensinaram sete corvos a trocar petiscos por petiscos de que gostavam ainda mais. A cada um era oferecido um pedaço de pão, que estas aves gostam de comer. Mas depois, cada corvo tinha oportunidade de trocar o seu pão por um pouco de queijo, muito apreciado pela espécie.

Quando as aves já tinham adquirido essa rotina, e ofereciam o seu bocado de pão para obterem queijo, por vezes eram defraudadas. O humano a quem entregavam o pão ficava com esse alimento e comia o pedaço de queijo, tudo à frente do corvo.

 

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Foto: Francesco Veronesi / Wiki Commons

 

Além dos sete corvos que participaram na experiência, outros dois foram colocados no mesmo espaço apenas para observarem o que se passava. E entre os humanos, apenas alguns enganavam as aves.

Passados apenas dois dias depois dos primeiros testes, os corvos preferiam trocar comida com quem não os tinha ludibriado, perceberam os cientistas. E um mês depois, apenas um dos sete corvos estava disposto a ‘negociar’ com alguém que o tinha enganado.

Já os dois animais que tinham ficado apenas a observar não mostraram qualquer preferência, mas quando foram testados aprenderam mais rapidamente qual era a estratégia de trocas.

Os resultados da investigação foram publicados na revista Animal Behaviour.

Segundo os cientistas, ao conseguirem distinguir e recordar quem os enganou, os corvos utilizam essas capacidades para se relacionarem com outras aves da mesma espécie, na natureza.

 

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Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.