Vencedor da Illustraciencia aproximou-se da natureza através do desenho

Elvis Antonio Salazar, 35 anos, é chileno, vive em Santiago do Chile e é ilustrador independente. O vencedor da 7ª edição da Illustraciencia na categoria naturalista desenha desde os três anos de idade e contou à Wilder o que o fascina no desenho de natureza.

WILDER: Há quanto tempo é ilustrador naturalista?

Elvis Antonio Salazar: Desde que fiz o curso de ilustração, em 2008. Nesse curso tive uma cadeira que se chamava Desenho de Flora e Fauna. Assim, comecei a aprender sobre natureza através do desenho. Depois, com o tempo, fui-me interessando cada vez mais pelas aves.

W: Porque decidiu começar a desenhar?

Elvis Antonio Salazar: Desenho desde os meus três anos. Sempre preferi os lápis e os cadernos. É algo inerente em mim, custa-me explicar melhor. Desenhar será, talvez, o que sei fazer melhor, é como meditar. Também é a minha forma de trabalhar. Vou aprendendo à medida que vou experimentando novos materiais e técnicas.

W: Escolheu as aves para competir nesta edição da Illustraciencia. Porquê?

Elvis Antonio Salazar: É o que mais desenho actualmente. Gosto muito de observar aves. Fascina-me ver como podem voar, bom, as que podem (risos).

W: Qual a técnica ou técnicas utilizadas na sua obra, com a qual venceu o Illustraciencia, na categoria naturalista?

Elvis Antonio Salazar: Os pássaros foram feitos a aguarela. Depois, fiz uma composição digital das imagens para que fizesse lembrar uma ilustração de um livro naturalista.

W: Quanto tempo demorou a fazer esta obra, Paseriformes de Santiago do Chile, composta por 11 espécies de aves?

Elvis Antonio Salazar: Demorei tempos diferentes porque fui escolhendo aves que me chamavam mais a atenção e que fossem comuns na região onde vivo. Obviamente que existem outras espécies que não incluí. Algumas das ilustrações já estavam feitas, outras realizei-as já de propósito para a Illustraciencia.

W: O que significa para si este prémio?

Elvis Antonio Salazar: Pessoalmente, é muito importante porque, enquanto ilustrador, sinto-me valorizado sabendo que um júri académico e do estrangeiro seleccionou o meu trabalho como o vencedor. Deve ter sido muito difícil porque os outros trabalhos eram muito bons, com diferentes técnicas e temas. Espero poder abrir mais portas agora, tanto a nível de investigação como a nível pessoal e profissional.

W: Qual a técnica e o tema que mais gosta de desenhar?

Elvis Antonio Salazar: Gosto mais da aguarela, por ser um material versátil e dinâmico. Quanto ao tema, é as as aves, como uma maneira de aprender, pela técnica e também porque me incita a investigar cada vez mais sobre cada espécie. Também faço outras ilustrações relacionadas com coisas mais fantásticas. Mas actualmente a minha atenção está concentrada nas aves.

W: Que conselhos dá a quem quer começar a desenhar a natureza mas tem medo?

Elvis Antonio Salazar: Que desenhe o que sinta, sem medo de se enganar. Porque enganar-se é bom, permite aprender e com o tempo vêm-se bons resultados. Também que observe muito o meio onde está. Descobrirá coisas muito interessantes e divertidas que passam despercebidas da maioria das pessoas. Na natureza há sempre surpresas.

W: Quais os principais elementos a ter em conta para ilustrar uma ave?

Elvis Antonio Salazar: É importante observar a ave ao vivo, ainda que seja à distância (vê-la voar, ouvir o seu canto, ver o seu comportamento, as suas cores, o seu tamanho, etc). A fotografia é um elemento muito importante. Quantas mais fotografias se puder ter, melhor. Porque às vezes há aves muito irrequietas que são muito rápidas para podermos olhar para os seus pormenores. A fotografia é uma excelente solução porque, a partir de ângulos diferentes, aprenderás a distinguir e comparar detalhes, como por exemplo se é macho ou fêmea, juvenil ou adulto.


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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.