lobo ibérico
Lobo ibérico conservado no Museu de História Natural, Lisboa. Foto: Joana Bourgard

Vinte associações vão marchar pela defesa do lobo em França

Vinte associações francesas vão manifestar-se a 16 de Janeiro em Lyon para protestar contra a decisão do Governo francês em aumentar o número de lobos que podem ser abatidos em 2015/2016.

 

O protesto tem lugar e hora marcadas. Será na Praça Bellecour em Lyon às 14h00 do sábado dia 16 de Janeiro, revelou esta semana a Liga francesa para a Protecção das Aves (LPO), uma das 20 associações que se vão manifestar, em comunicado. “Apesar da diminuição das populações de lobos em França em 2015, os poderes públicos aumentaram o número de lobos que podem ser abatidos”, explica a organização. Este ano o número é de 36, contra os 24 de 2014/2015.

É em Lyon que o dossier lobo está a ser gerido para todo o país. Entre as presenças confirmadas na manifestação estão Paul Watson, fundador da Sea Shepherd, Allain Bougrain Dubourg, presidente da LPO France, e Fabrice Nicolino, journalista no Charlie Hebdo e defensor do lobo.

A LPO lamenta que o abate dos lobos se tenha tornado uma prioridade e não uma solução de último recurso. O lobo “é um aliado incontornável dos exploradores florestais que nele encontram um meio para reduzir os prejuízos causados pelos veados, corços ou camurças”, acrescenta. Além disso, o lobo “é um activo para o turismo (a principal actividade económica nas zonas montanhosas), através de um ecoturismo que permite aos profissionais da região trabalhar todo o ano”. E lembra os casos provados em Espanha e Itália.

Actualmente, o lobo é uma espécie Vulnerável em França. Estima-se que a sua população tenha diminuído de 301 em 2014 para 282 no início de 2015. “Mais de metade da sua área de distribuição tem densidades baixas, com apenas indivíduos isolados”, lembra a LPO. Existe apenas um núcleo reprodutor em França, nos Alpes.

“Enquanto não existirem vários novos núcleos reprodutores, podemos considerar que o estado de conservação do lobo não é favorável e que o aumento das autorizações para o seu abate não está conforme às regulamentações europeias”, conclui.

 

[divider type=”thin”]Saiba onde vivem as dez populações de Lobo na Europa:

  1. Noroeste da Península Ibérica (Espanha e Portugal)
  2. Serra Morena (Sul de Espanha)
  3. Alpes (França, Itália e Suíça)
  4. Itália – Península Itálica
  5. Cárpatos – República Checa, Eslováquia, Sul da Polónia, Ucrânia, Roménia, Sérvia e Hungria
  6. Dinara-Balcãs – Eslovénia, Croácia, Bósnia e Herzegovina, Sérvia, Montenegro, Albânia, República da Macedónia, Grécia e Bulgária
  7. Carélia – Finlândia e Rússia Ocidental
  8. Báltico – Rússia, Estónia, Letónia, Lituânia, Bielorrússia, Nordeste da Polónia e Ucrânia
  9. Alemanha-Polónia – Leste da Alemanha e Polónia Ocidental
  10. Escandinávia – Noruega e Suécia

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.