Wildlife Photographer of the Year desqualifica fotografia vencedora de papa-formigas

A imagem “The night raider”, que venceu o prestigiado Wildlife Photographer of the Year 2017 na categoria Animais no seu Ambiente, foi agora desqualificada. Tudo porque o papa-formigas é um espécime de museu e não um animal vivo.

 

A notícia chegou na sexta-feira passada quando o Museu de História Natural britânico revelou que o papa-formigas na fotografia de Marcio Cabral era, afinal, um espécime taxidermizado.

A investigação pormenorizada à imagem aconteceu depois de os organizadores dos prémios de fotografia terem recebido, em Março, uma denúncia anónima, segundo a qual o animal utilizado não estava vivo.

“Depois de uma investigação aprofundada, o Museu concluiu que esta alegação era verdadeira”, avançou em comunicado. “Por isso, o Museu acredita que a imagem quebra as regras da competição, segundo as quais as fotografias não podem enganar a pessoa que as vê nem tentar representar erradamente a realidade da natureza.”

Para chegar a esta conclusão, o Museu reuniu uma equipa de cientistas que incluiu dois peritos em mamíferos, um especialista em taxidermia, um especialista em mamíferos sul-americanos e um outro investigador dedicado aos papa-formigas. Estes examinaram fotografias em alta resolução de um papa-formigas taxidermizado que está exposto num centro de visitantes do Parque Nacional Emas, no estado de Goiás, no Brasil. Foi nesta área protegida que a imagem “The night raider” foi feita.

Depois compararam esta imagem com a fotografia vencedora. Os cientistas concluíram que “há elementos da postura, morfologia, pêlo e padrões no pescoço e cabeça que são demasiado similares para as duas imagens, supostamente de animais diferentes”.

O fotógrafo Marcio Cabral, que cooperou na investigação, nega que o animal esteja taxidermizado e apresentou uma testemunha que afirma ter visto o papa-formigas vivo. Ainda assim, Cabral “não conseguiu explicar por que razão não tinha mais nenhuma imagem do papa-formigas”, acrescenta o Museu.

Como resultado, a fotografia “The night raider” foi removida da exposição Wildlife Photographer of the Year e Marcio Cabral deixou de ser considerado vencedor ou finalista da competição de 2017. Além disso, o fotógrafo já não poderá voltar a participar nestes prémios.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.