Zoomarine anuncia nascimento de duas crias da rola-de-Socorro, ave já extinta na natureza

Duas crias de rola-de-Socorro (Zenaida graysoni) nasceram no Zoomarine, em Albufeira. Esta espécie, que já está extinta na natureza, apenas tem 170 indivíduos em todo o mundo, todos em zoos que tentam resgatar a espécie.

O anúncio foi feito hoje em comunicado enviado à Wilder. Segundo o Zoomarine, as “duas crias nasceram após o cruzamento de Zelensky e Esperanza“, um dos dois casais que actualmente vivem naquele espaço, que faz parte do EEP – European Endangered Species Programme [EAZA Ex situ Programme] para a espécie.

Rola-de-Socorro. Foto: Zoomarine

“Outrora muito comum no arquipélago de Revillagigedo, localizado a cerca de 600 km a oeste da costa do México, esta espécie, Zenaida graysoni, está extinta no meio selvagem desde 1972. Em 2022 sobrevivem apenas cerca de 170 indivíduos desta espécie em todo o mundo, distribuídos por apenas 35 zoos progressistas (30 na Europa e 5 na América do Norte)”, explica o Zoomarine.

Estes zoos trabalham para tentar reintroduzir a espécie na natureza, mais concretamente na Isla Socorro, do arquipélago mexicano de Revillagigedo.

Os dois novos casais do Zoomarine apenas se começaram a formar em Fevereiro deste ano. Os machos (agora com cerca de dois anos) chegaram ao Zoomarine em Setembro de 2021, provenientes do Zoo de Ostrava (Chéquia, antiga República Checa); as fêmeas, transferidas do Zoo de Barcelona (Espanha), chegaram pouco antes do Natal.

Rola-de-Socorro. Foto: Zoomarine

“Desde então, o Zoomarine passou a fazer parte do muito honroso e altamente restrito grupo que tem a árdua e delicada tarefa de ser uma “Arca de Noé” para uma das espécies mais ameaçadas no mundo.”

O nome da rola-de-Socorro Zelensky, um dos progenitores das duas pequenas crias, foi dado pela escritora canadiana Margaret Atwood, que recentemente esteve no Zoomarine. Justificou-o pela “intensa defesa que faz dos seus”.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.