Zoomarine tenta salvar tartaruga que ficou presa em cabos de pesca

O animal, um macho, pertence à maior espécie de tartarugas marinhas e foi resgatado ontem ao largo da Meia Praia, em Lagos, no Algarve.

Esta tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) pesa cerca de 300 quilos e tem 1,5 metros de comprimento.

Segundo um comunicado do Zoomarine enviado hoje à Wilder, o animal “foi detectado ao largo da Meia Praia, em Lagos, enredada em cabos de armação de pesca”.

Ontem, a tartaruga foi transportada para o Porto d’Abrigo do Zoomarine, um centro de reabilitação de animais marinhos. Ao final da tarde de ontem “foi medicamente avaliada e iniciou um complexo programa de reabilitação. A partir de agora, serão dias e semanas cheios de desafios”.

Um dos principais riscos para esta tartaruga é o risco de infecção, porque, sendo uma espécie sem escamas térmicas, “os ferimentos na pele são inevitáveis”.

Além disso, os especialistas receiam que o animal, que esteve preso nos cabos durante algum tempo, tenha inalado água e que possa vir a desenvolver uma pneumonia por aspiração.

A reabilitação deste macho enfrenta ainda o desafio próprio de manusear um animal com cerca de 300 quilos.

“Mais fácil ou mais difícil, mais rápido ou mais demorado, o desafio é o mesmo e é bem claro: reabilitar este magnífico macho da maior espécie de tartarugas marinhas e proceder, o mais rapidamente possível, à sua devolução ao meio selvagem”, acrescenta a nota do Zoomarine.

O resgate a esta tartaruga contou com a ajuda de membros da Capitania e da Polícia Marítima, nadadores-salvadores e veraneantes. “A ajuda de todos foi muito importante para assegurar um resgate seguro e um transporte rápido, não obstante as horas que implicou”.

Actualmente, a tartaruga-de-couro está classificada como Vulnerável na Lista Vermelha da União Internacional de Conservação da Natureza (UICN). Isto por várias razões, desde o aumento das temperaturas, subida do nível do mar e erosão das praias à sobre-exploração dos ovos nas praias pelas comunidades locais.

Um exemplo da importância da tartaruga-de-couro nos ecossistemas marinhos é o seu consumo especializado em medusas tóxicas, actuando como um controlo biológico muito eficaz. O desaparecimento destas tartarugas poderia ter efeitos devastadores no impacto de proliferações massivas de medusas tóxicas, acreditam os especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.