Coala declarado como espécie vulnerável em Queensland, na Austrália

Os coalas foram declarados uma espécie vulnerável no estado de Queensland, um dos seis estados na parte continental da Austrália, no nordeste do país.
A decisão foi tomada com base na recomendação de uma comissão técnica independente, anunciou ontem a líder do governo do estado, Annastacia Palaszczuk.
De acordo com o jornal britânico The Guardian, esta nova medida aumenta a esperança para a sobrevivência dos coalas, uma vez que coloca a posição do estado de Queensland em linha com a do governo federal australiano.
Até agora, a espécie já estava classificada como vulnerável no sudeste de Queensland, mas a decisão foi agora estender esse estatuto para cobrir os 1,7 milhões de quilómetros do estado. Queensland é o segundo maior estado da Austrália e cobre uma área que equivale a sete vezes o tamanho da Grã-Bretanha.
“Todas as pessoas adoram o coala e devemos fazer tudo em nosso poder para o proteger agora e no futuro”, afirmou Annastacia Palaszczuk, acrescentando que o bem estar destas populações está a ser seriamente ameaçado pelos acidentes de carro, por ataques de cães e outras consequências da urbanização.
A nova classificação do coala no estado de Queensland obriga à tomada de mais medidas para proteger estes animais.
Por exemplo, os organismos públicos vão ter de trabalhar em conjunto com os municípios, para monitorizar as populações de coalas, e os construtores poderão ser obrigados a plantar novos habitats para minimizar o impacto de novas urbanizações, acrescenta o jornal britânico.
Mas a espécie enfrenta problemas diferentes noutras partes do país. No estado de Vitoria (extremo sudeste da Austrália), as autoridades locais debatem-se com excesso de população e falta de alimento para todos, nomeadamente folhas de uma espécie de eucalipto conhecida por ‘manna gum’ (Eucalyptus willisii), relata o The Washington Post.
Em Cape Otway, na costa sul do estado de Vitoria, as autoridades anunciaram na última semana que vão avaliar a saúde da colónia local “demasiado abundante” de coalas. As fêmeas vão ser implantadas com contraceptivos e animais menos saudáveis, demasiado fracos para sobreviverem em liberdade, serão eutanizados.
Em 1788, quando começaram a chegar os primeiros colonos, calcula-se que existiam mais de 10 milhões de coalas na Austrália. Mas as populações foram fortemente afectadas pela caça para aproveitar o pêlo destes animais, entretanto proibida, e mais tarde pela urbanização.
Um estudo recente estimou que em 2011 restavam cerca de 45.000 a 100.000 indivíduos em todo o país, nota o Le Monde.
Outra ameaça para estes animais são as infecções por clamídea, sexualmente transmissíveis, que provocam cegueira e esterilidade.
Em Abril de 2012, os coalas foram considerados pelas autoridades federais como espécie vulnerável a proteger em várias partes da Austrália, incluindo na região em torno da capital do país, Camberra.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.