Condenado a um ano e meio de prisão por envenenar seis águias-imperiais-ibéricas

Um criador de gado de Ciudad Real, em Castela-La Mancha, Espanha, foi condenado a um ano e meio de prisão e ao pagamento de 360 mil euros por ter envenenado seis águias-imperiais-ibéricas, espécie Criticamente em Perigo em Portugal e Vulnerável a nível mundial.

 

Segundo uma nota da Sociedade Espanhola de Ornitologia (SEO/Birdlife), o Juzgado Penal nº1 de Ciudad Real condenou o homem a um ano e meio de prisão e a três anos de suspensão de caçar, por ter sido considerado o autor de um delito contra a fauna, através do uso de iscos envenenados, e de outro pela morte de espécies ameaçadas.

Além disso, o condenado terá de indemnizar a Junta das Comunidades de Castela-La Mancha em 360 mil euros.

Tudo aconteceu em Janeiro de 2002, quando agentes da autoridade, acompanhados por cães, localizaram na propriedade de Encomienda de Mudela, no município de Viso del Marqués (Ciudad Real), seis exemplares de águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti), uma raposa e um total de nove iscos. O homem colocou-os na sua propriedade para matar os predadores que atacavam as suas ovelhas e galinhas, mais concretamente, as águias-imperiais-ibéricas que nidificavam na sua propriedade.

“O uso de veneno é uma das maiores ameaças à fauna”, disse David de la Bodega, coordenador do Projecto Life+ VENENO. “A sociedade não pode ficar indiferente a estes actos execráveis e deve denunciar às autoridades possíveis casos de uso de venenos”, acrescentou.

Actualmente, existem apenas 150 casais de águia-imperial-ibérica em Castela-La Mancha. “A perda de seis exemplares envenenados é um impacto grave sobre esta espécie”, segundo a SEO/Birdlife.

De acordo com o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), estima-se que apenas existam pouco mais de 400 casais desta espécie (396 em Espanha e 11 em Portugal).

 

[divider type=”thin”]Saiba mais sobre a águia-imperial-ibérica aqui.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.