Duas crias de lince-ibérico encontradas mortas em Espanha

Os cadáveres de duas crias de lince-ibérico que tinham nascido em liberdade foram encontrados na zona do Vale do Rio Matachel (Badajoz), na Extremadura espanhola, anunciou nesta quarta-feira o projecto ibérico Iberlince.

 

Mérida, uma fêmea de nove meses – que pertencia à camada das primeiras crias a nascer em liberdade na Extremadura espanhola – foi encontrada pelos técnicos do Iberlince a 26 de Novembro. Segundo um comunicado, o seu corpo estava parcialmente depredado.

Dias mais tarde, a 1 de Dezembro, os técnicos encontraram Matojo, um lince macho, uma das três crias que teve este ano Kakapo, uma fêmea vinda do Centro Nacional de Reprodução do Lince-Ibérico (em Silves) e libertada em Vale de Matachel em 2014. Os indícios são compatíveis com uma morte devido a causas naturais.

Ainda assim, ambos os cadáveres aguardam uma necrópsia para determinar com exactidão as causas da morte.

O lince-ibérico (Lynx pardinus) é uma espécie Em Perigo, segundo o Livro Vermelho da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). Durante vários anos e até Junho, foi uma espécie Criticamente Em Perigo, a categoria mais alta. Mas, devido aos esforços de conservação in-situ (recuperação de habitat e da sua presa principal, o coelho-bravo) e ex-situ (reprodução de linces em cativeiro cinco centros em Portugal e Espanha), existem actualmente cerca de 320 linces em liberdade. Este é o número para o censo mais recente, referente a 2014; o de 2015 só estará pronto no final deste ano. Durante 2015 nasceram e sobreviveram em cativeiro 51 crias, com o objectivo de serem libertadas na natureza.

O Vale de Matachel, onde foram encontradas agora estas crias, é uma das áreas seleccionadas pelo projecto Iberlince para as solturas dos animais, tendo começado em 2014 e devendo continuar em 2016, conforme disse à Wilder em Agosto Miguel Ángel Simon, director do Iberlince.

Em Maio último, o Vale de Matachel foi notícia por boas razões, quando foi anunciado que Kakapo e Kodiak, ambas com dois anos de idade, tinham dado à luz três crias cada uma, as primeiras nascidas em liberdade na Extremadura espanhola.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.