Espanha investiga a morte de três águias envenenadas

As autoridades espanholas estão a investigar desde Fevereiro um caso “muito grave” de envenenamento de duas águias imperiais ibéricas e uma águia-de-asa-redonda, em Castela-La Mancha, comunicou hoje a organização Ecologistas em Acção.

Em Fevereiro foram encontradas mortas na província de Ciudad Real duas águias-imperiais-ibéricas (Aquila adalberti) e uma águia-de-asa-redonda (Buteo buteo), bem como vários pedaços de carne envenenada que serviriam de iscos, diz a organização em comunicado, depois de ter tido conhecimento oficial do caso.

A descoberta aconteceu “numa propriedade próxima de Santa Cruz de Mudela, uma das zonas de libertação de lince-ibérico”, salienta.

“Com este são dois os casos de envenenamento muito grave de fauna selvagem em Castela-la Mancha num curto espaço de tempo. Recordemos que em Dezembro passado foram localizadas mais de 20 águias envenenadas perto de três reservas de caça de Nambroca, na província de Toledo. Muito perto de onde têm andado alguns dos linces libertados nesta província”, acrescenta a organização Ecologistas em Acção.

Para os ambientalistas, pouco se tem feito para combater o problema dos iscos envenenados naquela zona, “com a agravante que estão a ser gravemente afectadas espécies protegidas e os esforços para recuperar o lince-ibérico e a águia-imperial-ibérica”.

Em Portugal, o veneno também é um problema para a vida selvagem. A 12 de Março, Kayakweru, uma das fêmeas de lince-ibérico reintroduzidas na natureza este ano, foi encontrada morta na zona de Mértola. Um mês depois soube-se que tinha sido envenenada.

Nos últimos dez anos (2003 a 2014) foram registados 475 casos de envenenamento de animais em Portugal com um total de 1534 animais mortos. Destes, 145 são de espécies protegidas; 115 são espécies cinegéticas, segundo o Programa Antídoto.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.