Governos estão a falhar na protecção de áreas para a Natureza

O actual sistema de áreas protegidas no mundo não está a conseguir cobrir todas as espécies, locais e ecossistemas cruciais, conclui um estudo divulgado hoje. Para o fazer seria necessária uma área duas vezes maior, revela a análise feita por 40 investigadores de 26 instituições, com a coordenação da Birdlife International, membro da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

“Analisámos cerca de 12.000 sítios importantes para a Natureza (…) e mais de 25.000 espécies de animais e plantas”, disse Stuart Butchart, coordenador do estudo e responsável pela Ciência na Birdlife International.

Apenas um quinto dos sítios importantes para a Natureza estão completamente abrangidos por áreas protegidas; um terço não tem qualquer protecção. Menos de metade dos mamíferos, anfíbios, mangais e vários grupos marinhos tem uma suficiente porção da sua distribuição garantida.

Em 2010, os Governos do mundo comprometeram-se a conservar 17% da terra e 10% do mar até 2020, especialmente aqueles sítios particularmente importantes para a Natureza.

“Este estudo devia fazer soar um alarme para os Governos e conservacionistas espalhados pelo planeta. Alcançar estas metas significa acelerar o reconhecimento e a designação de áreas que protejam, efectivamente, a Natureza”, acrescentou Stuart Butchart.

O estudo “Shortfalls and Solutions for Meeting National and Global Conservation Area Targets” foi publicado na revista “Conservation Letters” e pode ser lido aqui.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.