Há um novo plano para salvar o primata mais raro do mundo

Só restam 25 gibões-de-hainan (Nomascus hainanus) em todo o mundo. Por isso este é o primata mais raro do planeta. Nesta terça-feira, uma equipa internacional de mais de 100 cientistas, decisores políticos e líderes locais publicou um plano com o que é preciso fazer para evitar a extinção da espécie.

Os 25 animais vivem em menos de 20 quilómetros quadrados de floresta na ilha de Hainan, na China. “Esta espécie enfrenta um elevado risco de extinção devido ao seu isolamento e à reduzida dimensão da população”, escreve a Zoological Society of London (ZSL), entidade que lidera a iniciativa. Na década de 50 do século XX existiam mais de 2000 gibões-de-hainan. Mas desde então têm vindo a desaparecer por causa da caça e destruição das florestas.

O plano identifica mais de 40 acções necessárias para aumentar a população e garantir a sua sobrevivência a longo prazo. Entre as medidas está o reforço da monitorização dos primatas, a criação de corredores entre fragmentos de floresta para expansão do habitat e a redução da perturbação por humanos.

“O gibão-de-hainan é um indicador da boa saúde da floresta e da estabilidade ecológica”, diz Long Yongcheng, responsável pelo Grupo de Especialistas em Primatas Chineses, da UICN (União Internacional de Conservação da Natureza). “Proteger esta espécie ajuda também a conservar o ambiente de Hainan”, acrescenta.

“Garantir um futuro para o gibão-de-hainan é uma das mais importantes prioridades mundiais da conservação de mamíferos”, comenta Samuel Turvey, investigador da ZSL. “Se forem tomadas as medidas certas, ainda não é tarde para salvar esta espécie incrível.”

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.