Mais de 540 assinaturas contra abate de aves dos Açores

A petição, da iniciativa de um grupo de cidadãos, pede a conciliação da protecção das espécies com uma exploração sustentável da vinha nas ilhas do Pico e da Terceira.

 

Em causa está a decisão do governo regional de permitir, pela primeira vez, o abate do pombo-torcaz-dos-Açores (Columba palumbus azorica), melro-preto-dos-Açores (Turdus merula azorensis) e estorninho-dos-Açores (Sturnus vulgaris granti) em zonas de vinha naquelas ilhas. A razão é o excesso da população destas aves e os estragos causados à agricultura.

No texto da petição, até hoje com 544 assinaturas, lê-se que estas subespécies só existem nos Açores e, além de terem “um elevado valor natural”, têm “um papel fundamental na manutenção dos frágeis e ameaçados ecossistemas insulares”.

A petição lembra que a decisão do governo açoriano está contra a legislação europeia que proíbe o abate destas aves durante o seu período reprodutor.

Além disso, a petição lembra que não há uma “sólida sustentação científica” para a justificação da decisão. “Não são conhecidos quaisquer inventários e não é conhecida nenhuma avaliação minimamente rigorosa dos danos que estas espécies ocasionam”.

Os responsáveis pela petição pedem a retirada imediata dos despachos governamentais que autorizam a caça destas aves, medidas para criar nas culturas da vinha um modelo de agricultura sustentável e respeitador da natureza e uma aposta no ecoturismo.

A Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza juntou-se hoje ao apelo.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.