Três linces-ibéricos libertados em Espanha

Um macho e duas fêmeas, nascidos em cativeiro, foram libertados nesta quinta-feira na Serra Morena Oriental, em Espanha. Em Abril, um lince de Silves vai ser libertado naquela região.

Lugo e Llera, macho e fêmea criados no centro de Zarza de Granadilla (em Cáceres), e L1 Fernandina, criada no centro de La Olivilla (em Jaén), são os linces libertados hoje, revela em comunicado o projecto ibérico LIFE Iberlince (2011-2016).

“Os novos linces reintroduzidos na Serra Morena Oriental foram libertados num território com um habitat adequado e com suficiente disponibilidade de alimento para garantir a sua correcta adaptação”, diz o comunicado.

A estes três linces está previsto que se juntem, em Abril, outros quatro animais, um deles vindo do Centro Nacional de Reprodução do Lince-Ibérico (CNRLI), estrutura a funcionar desde Outubro de 2009 em Silves, adianta o Iberlince.

A Serra Morena Oriental, em Castela-La Mancha, é apenas um dos locais onde decorrem reintroduções de lince-ibérico. Actualmente estão a ser libertados linces para criar quatro novas populações: em Portugal (no Vale do Guadiana), na Andaluzia (nos vales dos rios Guarrizas e Guadalmellato), em Castela-La Mancha (na Serra Morena Oriental e Montes Toledo, por exemplo) e na Extremadura (no Vale de Matachel). O grande objectivo é recuperar a distribuição histórica da espécie.

Além destas áreas de reintrodução, o plano para trazer o lince-ibérico de volta passa pelo reforço das duas únicas áreas de presença estável de lince: Doñana-Aljarafe e Andújar-Cardeña, ambas na Andaluzia.

Segundo o mais recente censo aos linces na província andaluza, de 2013, existem 332 linces-ibéricos a viver em liberdade (169 em Andújar-Cardeña, 94 em Doñana-Aljarafe, 39 em Guadalmellato e 30 em Guarrizas).

 

Centros esperam 28 crias de lince este ano

 

A grande maioria dos linces que estão a ser reintroduzidos na natureza são originários da rede de cinco centros de reprodução. Para este ano foram definidos 27 emparelhamentos: sete no CNRLI (Silves), cinco em El Acebuche (Huelva), sete em Zarza de Granadilla (Cáceres), sete em La Olivilla (Jaén) e um no Zoo de Jerez (Cádiz).

Para este ano, o objectivo do programa ibérico de reprodução de lince em cativeiro é conseguir, pelo menos, 28 crias. A maioria será preparada para a libertação em meio natural.

Silves inaugurou a época de partos na rede dos cinco centros. A fêmea Biznaga, que tinha sido emparelhada com Drago, deu à luz três crias a 1 de Março. Todos estão bem de saúde.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.