Moçambique faz a maior queima de marfim e de chifres de rinoceronte

Mais de 2.434 quilos de marfim e 86 chifres de rinoceronte, com 193 quilos no total, foram hoje empilhados e queimados pelo Governo moçambicano. Esta foi a maior destruição de marfim e de chifres de rinoceronte jamais feita no país.

 

Parte do que foi destruído hoje no centro de Maputo faz parte da apreensão pela polícia moçambicana de 1.300 quilos de marfim e chifres de rinoceronte (65 peças) em Matola. Foi a maior apreensão da história do país, segundo um comunicado da organização de conservação Wildlife Conservation Society (WCS).

A 22 de Maio, 12 desses chifres foram roubados dos armazéns da polícia. Na sequência do roubo, quatro polícias foram presos. “Quando agentes da polícia são apanhados em gangues que traficam chifres de rinoceronte, presas de elefante e drogas, ou facilitam estes crimes, não consigo dormir”, disse então o Presidente de Moçambique, Filipe Nyussi.

Em apenas cinco anos, a população de elefantes de Moçambique caiu 48%, segundo um censo revelado em Maio passado. Este país é um conhecido ponto de passagem para o tráfico de vida selvagem.

“Hoje estamos a dar um sinal. Moçambique não vai tolerar caçadores furtivos, traficantes nem os criminosos organizados que lhes pagam para matarem a nossa vida selvagem e ameaçarem as nossas comunidades”, disse o ministro do Ambiente, Celso Correia, depois de ter lançado fogo à pilha no centro de Maputo.

Para o director da WCS em Moçambique, Alastair Nelson, “isto mostra o compromisso de Moçambique em combater o crime contra a vida selvagem”.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.