Oslo está a criar “autoestrada” para abelhas ameaçadas

A capital norueguesa está a criar um corredor verde através da cidade cheio de flores, “telhados verdes” e abrigos para proteger estes polinizadores ameaçados.

 

“Estamos constantemente a mudar o nosso ambiente para satisfazermos as nossas necessidades e esquecemo-nos de que outras espécies também vivem nele”, disse Agnes Lyche Melvaer, responsável pela organização norueguesa Bybi, que está a coordenar o projecto.

“Para corrigir isso, precisamos devolver espaços aos insectos polinizadores, para que eles possam alimentar-se e viver”, explicou à agência de notícias AFP, citada pelo The Guardian.

O projecto tem como objectivo envolver as pessoas na missão de dar a estes insectos lugares seguros para se movimentarem e viverem na cidade de Oslo. Participam no projecto agências estatais, empresas, associações e indivíduos. E a ideia é que todos plantem flores e instalem pequenos abrigos ao longo de um corredor que atravessa a cidade de Norte a Sul, ligando três grandes áreas verdes que já existem.

Depois, todos são convidados a partilharem as suas contribuições no site polli.no, que faz um mapa desse corredor através da cidade.

Por exemplo, uma empresa cobriu partes do terraço do seu edifício de 12 andares com flores e duas colmeias onde vivem 45.000 abelhas. Os responsáveis pelo projecto também estão a trabalhar com escolas para as ajudar a plantar as flores para as abelhas.

Estima-se que entre 30 a 40% da produção de alimentos dependa da polinização. Mas os insectos polinizadores estão cada vez mais ameaçados no mundo, nomeadamente pelos químicos utilizados na agricultura.

Agnes Lyche Melvaer acredita no “efeito borboleta”. “Se conseguirmos resolver um problema global localmente, é muito provável que esta solução local também funcione em outros lugares”, acrescentou.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.