Quénia abre laboratório para combater caça ilegal

O organismo responsável pela protecção e gestão da vida selvagem no Quénia, o Kenya Wildlife Service (KWS), abriu um laboratório forense para ajudar a combater a caça furtiva e o tráfico ilegal de animais no país, noticiou a BBC.

Nos últimos três anos, cerca de 100 rinocerontes morreram vítimas de caçadores furtivos no Quénia, calculam as autoridades locais, que temem que este animal desapareça do território se nada for feito.

Muitos animais de espécies protegidas são abatidos porque os caçadores querem vender o marfim, como os rinocerontes e os elefantes, ou então para consumo da carne, como acontece com a palanca-negra (Hippotragus niger) e o hirola (Beatragus hunteri), duas espécies de antílopes em risco.

Mas quando os casos chegam a tribunal, as autoridades têm dificuldade em provar que a carne encontrada junto de um traficante pertence a uma espécie protegida, uma vez que os suspeitos podem argumentar que a carne é de cabra ou de outro animal de pecuária.

Agora, afirma o KWS, vai ser possível comparar essas provas com uma base de dados de ADN, para provar a que espécie pertencem, ou até mesmo localizar de onde veio o marfim que venha a ser encontrado, ligando esse produto a um indivíduo específico e ao seu território.

O novo laboratório, situado em Nairobi, capital do Quénia, emprega 45 investigadores que estão a trabalhar na recolha de amostras de animais selvagens, para dessa forma extraírem o respectivo ADN.

Este é o segundo equipamento do género na África sub-sahariana e vai estar disponível para outros países do Leste e do Centro do continente, assegura o KWS.

Números preocupam na África do Sul

O primeiro laboratório forense a funcionar na região situa-se na África do Sul, mas o problema da caça ilegal continua a aumentar, como mostram os últimos números divulgados pelo Governo sul-africano.

De acordo com o ministro sul-africano com a tutela do Ambiente, Edna Molewa, a caça furtiva de rinocerontes atingiu níveis recorde entre Janeiro e Abril deste ano, noticiou o The Guardian.

Nos primeiros quatro meses de 2015, foram encontrados 393 rinocerontes mortos por abate ilegal, mais 18% do que no mesmo período de 2014. Destes, a maioria (290) tinham sido caçados no Kruger Park, que faz fronteira com Moçambique, e onde habita uma grande parte dos 20.700 rinocerontes da África do Sul.

A procura de chifres de rinocerontes tem vindo a crescer e o seu preço no mercado está a aumentar, devido à popularidade destes produtos na medicina tradicional asiática.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.