Rede eléctrica em Marrocos prejudica conservação de águias-imperiais

No momento em que as populações de águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti) têm vindo a recuperar na Península Ibérica, graças a vários programas de conservação, a espécie enfrenta um novo perigo devido à falta de preparação da rede eléctrica em Marrocos.

Em causa estão várias mortes por electrocussão de águias-imperiais – mas também de águias-de-Bonelli – encontradas em Outubro e Novembro passados por ornitólogos marroquinos na região de Guelmim, no Sudoeste de Marrocos, de acordo com uma notícia do El Pais.

O alerta foi lançado por um artigo científico publicado por especialistas marroquinos e espanhóis, entre os quais ornitólogos da associação ambientalista marroquina GREPOM/Birdlife. “As electrocussões que detectámos em Guelmin são uma má notícia tanto para a conservação da espécie em Espanha, como para a possível recolonização de Marrocos por esta mesma espécie”, afirmou Mohamed Amezian, ornitólogo da GREPOM, citado pelo jornal espanhol.

Nos anos 80, quando já só restavam 103 casais de águia-imperial-ibérica no mundo, os acidentes com cabos eléctricos eram responsáveis por 80% das mortes destas águias no primeiro ano de vida, lembra o jornal espanhol.

Actualmente, a situação melhorou de forma significativa em Espanha e em Portugal, em parte devido aos investimentos na protecção e melhoria da rede de transporte de electricidade.  Em Portugal, todavia, esta ave ainda continua a ser considerada Criticamente em Perigo e é actualmente alvo de diversas medidas de conservação, ao abrigo do programa LIFE Imperial (Julho de 2014-Dezembro de 2018), coordenado pela Liga para a Protecção da Natureza.

Quanto a Marrocos, os especialistas receiam que a região de Guelmin seja apenas um de muitos “pontos negros” na velha rede eléctrica marroquina. “Não há dados. Não sabíamos que existia este problema e agora sabemos”, reconheceu Mohamed Amezian.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.