Seis águias-pesqueiras chegaram à Suíça para projecto de reintrodução

Duas fêmeas e quatro machos, com quatro a cinco semanas de vida, chegaram na terça-feira passada ao aeroporto de Genebra, vindas da Escócia, para começar um projecto de reintrodução da espécie na Suíça.

 

As águias-pesqueiras (Pandion haliaetus) chegaram na manhã de terça-feira ao aeroporto de Genebra, explica Denis Landenbergue, membro da associação “Nos Oiseaux” que está a reintroduzir a águia-pesqueira.

Depois de Genebra foram transportadas de carro para os terrenos agrícolas dos Estabelecimentos Penitenciários de Bellechasse, em Sugiez (Suíça). Este sítio foi escolhido por ser extremamente tranquilo, já que os 350 hectares de terrenos agrícolas da prisão são interditos ao público.

Os detidos e os funcionários de Bellechasse participaram com entusiasmo neste projecto, disse a associação que lançou o projecto de reintrodução por ocasião do seu 100º aniversário. Foi a oficina da prisão que construiu as estruturas onde estão as aves.

Webcams permitem seguir as aves a partir de uma carrinha high-tech a 300 metros de distância.

“As seis aves estão bem”, disse Wendy Strahm, bióloga e coordenadora do projecto, ao jornal “24 Heures”. Em meados de Agosto as águias poderão começar a voar nas proximidades. Em meados de Setembro devem voar para África e o seu regresso a Bellechasse só deverá acontecer quando já forem adultas, dentro de quatro anos. Até lá, a associação quer reintroduzir uma dezena de águias por ano, durante os próximos cinco anos.

A última reprodução de águias-pesqueiras na Suíça remonta a 1914. Esta espécie desapareceu por causa dos caçadores furtivos e dos coleccionadores de ovos. A águia-pesqueira é a terceira espécie de ave a ser reintroduzida na Suíça, depois da cegonha-branca nos anos 50 e o quebra-ossos em 1987.

Em Portugal, o projecto de reintrodução da espécie está a decorrer na albufeira de Alqueva (Alentejo) desde 2011 e é desenvolvido pelo CIBIO com o apoio financeiro da EDP.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.