Webcam mostra primeiros voos de abutre-preto na Serra de Guadarrama

Os primeiros voos de uma cria de abutre-preto (Aegypius monachus) foram acompanhados de perto graças à webcam que segue esta ave desde que nasceu, no Parque nacional espanhol da Serra de Guadarrama.

 

Poucos serão os segredos no ninho de Brisa, no cimo de um pinheiro no Vale de Lozoya, dentro daquela área protegida de 30.000 hectares nas províncias de Madrid e Segóvia. As imagens da webcam – projecto da Consejería de Medio Ambiente da Comunidad de Madrid, com a colaboração da Sociedade Espanhola de Ornitologia (SEO/Birdlife) – já tiveram mais de 100.000 visitas, desde Fevereiro. Foi graças a ela que se soube dos primeiros voos desta cria de abutre-preto.

Aos 130 dias, Brisa abandonou o ninho pela primeira vez às 10h46 (horas locais) de 8 de Setembro, segundo a SEO. As imagens foram transmitidas em tempo real pela webcam, instalada a vários metros de distância do ninho, para não perturbar as aves. Ainda assim, consegue registar tudo o que lá acontece e transmite-o em directo pela Internet.

Desde Fevereiro, a webcam tem registado a incubação, o nascimento da cria em finais de Abril, os cuidados dos progenitores e a sua alimentação. A 13 de Julho, a cria foi anilhada.

A partir de agora, a criar permanecerá próximo do local onde nasceu e ainda se poderá observar, de vez em quando, pousada no ninho.

A webcam está a funcionar desde a Primavera de 2014. “Foi possível gravar e observar em directo comportamentos muito difíceis de presenciar no campo”, diz a SEO em comunicado. Como por exemplo, “os progenitores a defenderem a cria de um ataque de corvos ou o esforço de um dos adultos que permaneceu imóvel sobre o ovo, para continuar a incubação, apesar do intenso nevão que o cobria quase por completo”.

Pode ver aqui a compilação dos melhores momentos desta temporada de cria.

O abutre-preto é a maior ave de rapina da Europa e é uma espécie Criticamente em Perigo de extinção em Portugal. No final de Maio, a Liga para a Protecção da Natureza (LPN) anunciou o nascimento da primeira cria no Alentejo em mais de 40 anos.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.