ramos com folhas de outomo
Outono

A transformação das folhas das árvores

Com a chegada do Outono, a paisagem adapta-se. Os tons verdes das folhas dão lugar aos amarelos, laranjas, ferruginosos e vermelhos escarlate. Esta é a resposta das árvores às alterações do clima da nova estação, preparando-se para a dormência do Inverno.

 

As folhas desempenham um papel essencial na vida das plantas, diz Mariana Marques dos Santos, colaboradora no FUTURO – o projecto das 100.000 árvores. São elas as maiores responsáveis pela produção de alimento, através da fotossíntese.

Na Primavera e no Verão, as plantas precisam de mais energia porque estão num período de desenvolvimento de flores, frutos, sementes e estruturas de renovação. Durante esses meses, as folhas exibem tons verdes provenientes da clorofila – pigmento essencial ao processo de fotossíntese.

 

Foto: Marta Pinto

 

À medida que os dias de Outono vão sendo menos luminosos, a capacidade de realizar a fotossíntese vai diminuindo e as plantas entram num período de dormência em que a actividade celular é mínima e passa a depender de energia armazenada nos tecidos da planta.

Quando a clorofila deixa de ser necessária começa a desaparecer. O verde dá então lugar a outros tons correspondentes a pigmentos que já se encontravam nas folhas mas cuja cor estava mascarada pelos verdes clorofilinos que imperaram nos meses de Primavera e Verão. Estes pigmentos, as xantofilas e os carotenos, conferem os novos tons outonais que variam entre os amarelos e os laranja.

 

Foto: Marta Pinto

 

Contudo, há um outro tom que marca as folhas de Outono – o vermelho, vibrante e profundo. Este não se encontrava mascarado nas folhas pelos verdes clorofilinos – forma-se agora, nos últimos instantes de vida das folhas, no momento em que o fenómeno de abcisão foliar quebra a ligação entre ramos e folhas. Os vermelhos surgem como consequência da reacção entre a glicose, aprisionada nas folhas, com os dias ainda luminosos e as primeiras noites frias, formando o novo pigmento denominado como antocianina. Se as primeiras noites de Outono forem acompanhadas de geada, os tons vermelhos poderão não ser observados, sendo os castanhos a ocupar o seu lugar – uma vez que as folhas morrerão queimadas antes de completar a sua última transformação.

 

Foto: Wilder
Foto: Wilder/arquivo

 

As folhas de Outono, de tons quentes e vibrantes, caem deixando cicatrizes nos ramos onde outrora se prendiam mas este não é sinal de um fim… apenas de um novo começo de uma vida latente em pequenos gomos, adormecidos ao longo de todo o Inverno, esperando somente a chegada da Primavera.

 

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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.