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Base de dados ajuda cidadãos a plantar “a árvore certa no lugar certo”

Investigadores alemães criaram o Citree, uma base de dados com quase 400 espécies de árvores e arbustos de climas temperados, para encorajar as pessoas a plantar “a árvore certa no lugar certo” nas cidades.

 

O Citree está disponível num site online e qualquer pessoa – desde gestores e decisores, a arquitectos paisagistas ou a cidadãos com um quintal – pode procurar a árvore ou arbusto que melhor se adequa às condições do local e às características que procura.

Esta equipa de cientistas do Institute of Forest Growth and Forest Computer Science na Universidade Techische em Dresden, na Alemanha, preparou fichas para cada espécie e lá pode encontrar dados sobre as condições urbanas para o crescimento das árvores – risco de seca e de calor, luminosidade, profundidade e pH do solo -, a aparência da espécie – altura média que atinge, a forma da copa, a rapidez do crescimento, densidade e forma das folhas, cor das folhas no Outono, cor e período da floração, frutos – os serviços dos ecossistemas das árvores – dar alimento para aves, produzir pólen, absorver partículas poluentes e ser resistente face às emissões industriais – e ainda qual a sua popularidade.

“Os gestores urbanos tendem a preferir entre 10 a 15 espécies de árvores e gostam de as plantar uma e outra vez. Isso não é verdadeira biodiversidade”, notou Juliane Vogt daquele instituto e a co-autora do estudo publicado na revista Landscape and Urban Planning, citada pela BBC. “É por isso que inserimos na base de dados 390 árvores e arbustos para que haja uma enorme oferta de espécies e variedades diferentes”.

Os utilizadores podem pesquisar pelo nome da espécies ou por critérios previamente definidos, como zonas de trânsito, zonas industriais, jardins e cemitérios, logradouros, crianças, idosos ou zonas densamente construídas. Para as espécies que resultarem da pesquisa há a percentagem de correspondência e uma ficha que mede a adequação da espécie às nossas intenções. Para muitas há também uma fotografia da árvore ou arbusto integrada nas cidades.

A equipa de cientistas espera que a informação ajude os cidadãos a dar mais importância à biodiversidade e não apenas ao aspecto da árvore. Segundo Vogt, há vários benefícios associados às árvores nas cidades, como o ensombramento e a redução do calor. Além disso, “as árvores também disponibilizam habitat para outros animais que escolheram as cidades para morar”.

Um aspecto que não foi descurado foi o facto de as árvores também interagirem com os humanos. Umas podem causar alergias ou ser venenosas, outras têm raízes fortes que podem causar danos, outras ainda emitem um odor intenso ou têm um potencial de invasão.

“Escolher as árvores e arbustos mais adequados nas cidades pode minimizar as influências negativas e aumentar os efeitos positivos e a aceitação pelos cidadãos”, escrevem os investigadores no estudo, financiado pela União Europeia e pelo estado da Saxónia.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.